terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ACEITAÇÃO



Já li muitos e belos textos sobre aceitação. Um deles, faz pouco tempo, fiquei pesarosa por não tê-lo escrito. Era realmente sublime. No papel.
Gostaria de transpô-lo para o mundo real, mas ainda sou muito imperfeita. Hoje, li outro. Novamente me senti pequena diante das almas que já conseguiram evoluir.
Umas das frases dizia que “aceitação é a fé em ação”. Quando aceitamos, o fazemos por termos chegado num nível de compreensão muito acima do fato em si. A aceitação passa pelo racional, por que pra aceitarmos não basta simplesmente nos deixar levar, ao sabor do vento ou das ondas. Aceitar significa pensar sobre. Quando simplesmente aceitamos, estamos compreendendo que aquilo deva existir, mesmo que não seja de nossa vontade, mesmo que não concordemos, mesmo que envolva sofrimento, físico e/ou moral. A aceitação passa pelo racional e daí, então, pela fé. Um exemplo é o dos pretos velhos. Eles demonstravam uma sabedoria e uma paciência, que os fazia naturalmente aceitar os fatos e as pessoas. Viviam as maiores agruras, mas conseguiam se sobrepor àquilo tudo, se elevando acima das baixezas, das torpezas, humanas. Isso envolve um alto grau de desprendimento, de maturidade. Aceitar é compreender. Mesmo quando não compreendemos. Muito complexo? Talvez, mas aceitar é talvez não compreender os fatos, as pessoas, mas a natureza dos fatos e das pessoas. É saber que tudo tem um motivo, que não existe a minha ou tua vontade, mas uma Vontade Maior dirigindo tudo. E aí entra a fé.
É essa capacidade de discernir o que é de fato minha responsabilidade e o que procede de uma Vontade além da minha.
Às vezes brigamos com a vida, querendo impor aquilo que desejamos, mas nos vemos sucumbir diante da Força do Universo. Parece que lutamos contra a correnteza e a força dos acontecimentos.
Quando decidimos simplesmente aceitar aquilo que não podemos mudar (gosto muito da oração da serenidade: “Senhor, me dê forças pra aceitar aquilo que não posso mudar, coragem pra mudar aquilo que posso e sabedoria para conhecer a diferença”), é uma forma inteligente de nos preservarmos. A aceitação presume uma forma de nos adaptarmos ao inevitável. Gastamos muita força no embate que, na maioria das vezes, é inútil.
Mas há a aceitação de que falava lá em cima, a dos pretos velhos, das pessoas sábias. Essa não é simplesmente um aceitar por não ter outra alternativa, mas um aceitar por compreender a natureza humana, a vida em si. Exige humildade e paciência. A maioria de nós não tem essas qualidades. Eu não tenho, pelo menos. Talvez por isso, para desenvolvê-las, nós passamos por tantas contrariedades. Essas coisas só se tornam contrariedades, bem como o nome já diz, por que não aceitamos, queremos que tudo seja do jeito que achamos melhor e temos dificuldade de nos adaptarmos ao que é, de verdade.
É interessante o bem estar que sentimos quando decidimos simplesmente aceitar as coisas, as pessoas. Não lutar contra, não esbravejar, não se irritar. Parece a sensação que temos ao boiar no mar, num dia quente de verão. É um deixar-se simplesmente conduzir pelas forças maiores do que nós, confiar. Soltar o corpo (nesse caso, a mente) e não se opor.
Quando estamos no mar boiando, os ouvidos abaixo da linha d'água, não escutamos nada, apenas o marulhar das ondas, os sons muito distantes e distorcidos, uma paz profunda. A leveza do corpo ao sabor dos movimentos da maré nos dá liberdade ao espírito. Parece que nada importa, somente aquele momento de comunhão com a natureza. Nenhuma preocupação, nenhuma decisão, apenas e tão somente, o SENTIR.
Naquele momento aceitamos aquela condição de despreendimento, de desapego ao corpo, por que isso nos dá prazer, nos faz bem.
Então, natural seria que fizéssemos isso o tempo todo, com relação à vida.
Experimente!
Perceberás que aceitar é fazer parte do todo, como quando estamos no mar, boiando.
É comungar com o Universo.
E é por isso que estamos aqui.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O CORPO


Quando percebi, tinha engordado muito. Mas muito MESMO.
E agora?!
Bom, é simples: fazer dieta! Mas nem tudo é tão simples quanto parece. Fazer a dieta nem sempre é fácil mesmo, mas e quando ela não dá resultados?
O pior de engordar nem é a gordura em si, a deformação do corpo, dos traços. O pior de engordar são os outros. Sim, eu quis dizer isso mesmo: os outros.
Era interessante perceber que, como se já não bastasse ter que me adaptar ao novo corpo, as pessoas que me encontravam, amigos, conhecidos, faziam questão de me contar que eu tinha engordado. Como se eu nem tivesse percebido!
Talvez elas estivessem apenas surpresas, mas conversavam comigo meio aflitas pra logo abordar o assunto.
A pessoa que engorda não pode comer em público, por que quem olha logo deduz que ela é um triturador humano, comendo sem parar. Aconteceu comigo algumas vezes. Eu não almoçara, estava apenas com um parco café da manhã e fui fazer um lanche, um simples misto quente, acho, às três horas da tarde. Logo vinha alguém, geralmente um homem indelicado, e me alertava: é por isso que tu engordas...

A gente vai vendo o corpo se transformar e, com assombro, descobre que aquela blusa meio larguinha simplesmente não entra mais! Parece que encolheu! Ou fui eu que cresci?
E, como num dominó sádico, parecendo o plano terrível de alguém, uma a uma as roupas vão deixando de servir. As bijuterias também. Como que um dia eu iria imaginar que um anel não entraria mais no meu dedo! Aliás, vários deles. Calçados idem. Bota, nem pensar (ainda bem que eu nem gosto mesmo)!
De repente a gente imagina que irá sair pelada pelas ruas, por que encontrar roupa pro novo corpitcho é outro problema. E, o que encontra, é muito sem graça, parecendo que somente pessoas idosas ou senhoras cheias de filhos, engordam. Fora o olhar de compaixão de uma vendedora mais compreensiva quando, depois de provar meio estoque da loja, nada ficou bom. Sim, por que também tem aquelas que dizem que não tem o nosso número, “querida”, e que será dificil encontrar. Previsão certeira. Simplesmente não há. Antigamente eu vestia GG, mas isso mudou. Agora temos o G1, G2, G3, G4 e até o G5! Credo! Parece os andares do estacionamento de um shopping! Será que foi daí que tiraram a inspiração?

As lojas especializadas usam termos como “tamanhos nobres”, “tamanhos grandes” (acho que é pra abrandar um pouco o estigma).
Afora todo esse problema com roupas, ainda tem o mau estar físico. De um momento para o outro, uma caminhadinha de 10 minutos parece uma maratona. Subir em qualquer coisa, como ladeiras, escadas e afins, se torna quase digno de uma medalha!
Mas há uma explicação pra isso. Além de a pessoa ter que carregar todo aquele peso, ainda tem uma pressão sobre o diafragma, que por sua vez comprime o pulmão. Aí falta o ar e a pessoa se cansa facilmente.
Ninguém engorda só por fora. A gordura envolve e se infiltra pelos órgãos principais. E isso é perigoso.
As pessoas se preocupam somente com o estético, com o corpo em forma, mas não se atentam que a gordura é perigosa no sentido de prejudicar a saúde também. Muitas doenças tem sua origem na obesidade e outras a obesidade complica. Ou seja: não é bom ser gordo.

Gordos, principalmente os novatos, não gostam de falar o peso, nem subir em balanças públicas, como as de farmácia. Por que? Por causa das críticas, ironias e deboches. Vira alvo de piada, como todos os 'diferentes'. Ninguém que ser motivo de comentários maldosos. Já vi gordinhos e gordões, principalmente homens, terem que ouvir piadinhas e comparações grosseiras. E sorrir! Nesse momento me entristeço, por que imagino o que aquela pessoa deve estar sentindo. As pessoas podem ser muito cruéis. Mesmo quando nem se apercebem disso.
Quando se engorda, atos simples como cortar as unhas dos pés, se abaixar pra pegar algo, levantar de uma cadeira de praia, se tornam muito dificeis, por que a gordura impede a flexibilidade. Há aqueles que não tem esse problema, mas uma grande maioria tem, sim.
Pra quem não foi gordo a vida toda, é um mundo completamente novo e estranho. Chega a ser engraçado, de tão bizarro.
Dizem que a obesidade é uma doença e acredito nisso. Quem tem tendência a engordar, precisa controlar o peso a vida toda. Há aqueles que fazem loucuras pra emagrecer, tomam remédios, fazem dietas malucas, qualquer coisa pra ser magro. Qualquer coisa!
A cirurgia bariátrica, que antes era uma medida extrema, foi banalizada. As pessoas não percebem que é uma cirurgia e de grande risco. Soube de uma moça, que se formou com meu irmão André e, depois da formatura, resolveu fazer a tal cirurgia e...morreu!
Uma outra (essa me contaram), quando saiu do hospital, ainda no pós-cirurgia, entou num boteco e comeu uma coxinha. Foi o que bastou. Morreu também.
Quantos morrem assim. Há aqueles que ficam ótimos e que somente a cirurgia resolveria mesmo, mas a maioria tem cabeça de gordo, gosta de comer e tem dificuldades pra se adaptar. “Driblam” as recomendações de ingerir apenas líquidos, por exemplo, nos primeiros meses, e 'mamam' leite condensado! Parece que estão se boicotando. A entrevista com um psicólogo é de praxe, até pra pessoa entender o processo e desfazer a fantasia do milagre. Mas também pra ser avaliada de forma séria, afim de saber se ela tem condições de viver todo o processo, de compreender o que vai realmente acontecer, da mudança radical de hábitos e de vida.

Estou fazendo tratamento com uma gastro e uma nutricionista há 5 meses. O motivo principal foi uma série de problemas gástricos. No entanto, a obesidade complicava outros. Houve mudança de hábitos alimentares, reposição nutricional através de suplementos e a consciência de que precisava fazer alguma coisa, pois meu corpo estava em colapso. Por causa dos problemas gástricos cada vez me alimentava de forma pior ou não me alimentava e com isso houve uma defasagem de nutrientes, complicando ainda mais o quadro.
No primeiro mês estranhei muito, pois além da mudança de hábitos alimentares, mudaram também os horários. Se antes passava quase o dia inteiro sem comer, agora comia a cada 2 ou 3 horas. Foi um choque pro metabolismo. Tinha muita sede também.
Quando me pesei na nutricionista foi com grande surpresa que vi meu peso despencar em 5 quilos já neste primeiro mês. O maior ganho, no entanto, foi a saúde. Não tinha mais nenhum dos sintomas, ou se tinha, era muito pouco. No segundo mês, mais 5 quilos e meio e as pessoas começaram a notar. Era engraçado vê-las me olhando, olhando, sem saber direito se estavam enxergando direito. Aí, começaram a me contar novamente a novidade, mas desta vez que eu estava emagrecendo. Da última vez que me pesei já se tinham ido 14 quilos!
Agora dei uma estacionada, mas sei que é normal. Nas poucas vezes que furei a dieta, senti literalmente no estômago os efeitos, muita dor, por que este era um dos sintomas antes.
Em relação à melhora, foi geral, não apenas no aspecto físico, os traços que foram ressurgindo, mas também na 'leveza'. Caminho sem sentir cansaço ou dor na coluna. Me abaixo sem problemas, tudo fica mais flexível e fácil. As roupas estão despencando ( e outras coisas também).
Tudo novamente vira novidade, mas desta vez pra melhor.
É interessante que até o tratamento das pessoas muda. Elas ficam mais gentis, atenciosas.
Ao contrário do que pensam as pessoas em geral, os problemas de peso nunca afetaram minha auto-estima. Talvez por que não tenha crescido como uma pessoa gorda, mas me tornei. Isso faz toda a diferença, por que a auto imagem já tinha sido construída.
O excesso de peso traz inconvenientes, claro, mas o que me faz lembrar desta fase é o preconceito das pessoas. Às vezes a gente está se aceitando assim, sente que é uma fase e que como tal, irá passar. Mas os outros não. A cobrança alheia vem o tempo todo, seja através de olhares velados ou explícitos, seja através de palavras ferinas ou piedosas, compreensivas.
Quantas vezes precisei calar, pensando: “Perdoa, Pai. Eles não sabem o que dizem! “
Quantas vezes abri e fechei a boca, numa perplexidade muda, por não acreditar no que estava ouvindo, em como as pessoas são sem noção.
Aceitar o outro como ele é demanda uma alma generosíssima, sensibilíssima e muito madura.
Emagrecer está sendo um lucro, no fim das contas, não um objetivo.
Está sendo o bônus, o plus, a cerejinha do bolo ( ôps! bolo não pode. Bolo engorda).
Nunca duvidei de que isso aconteceria, embora muitas vezes tenha me exasperado com a demora em achar o caminho. Era um problema que tinha solução e que seria resolvido em algum momento, mesmo que eu não soubesse quando.
Fotos, como as roupas, nunca foram exatamente um problema. Sempre dei um jeito de resolver. As fotos podem ficar legais se soubermos achar um ângulo favorável. Tem gente que foge das câmeras, mas nunca foi meu caso, por que vou testando, buscando soluções. As roupas já eram um problema um pouco mais sério, mas a gente sempre acha alguma coisa, vai se adaptando, garimpando aqui e ali. Sou do tipo que procura disfarçar o que não favorece, abusa de acessórios, nunca descuida do batom, do perfume. Tudo tem jeito!
Nada disso é em função do outro, da aceitação alheia, mas do prazer em estar bem, mesmo na adversidade. Não estou exatamente no meu melhor momento (em todos os sentidos), mas acredito firmemente, que sou mais forte do que tudo isso, do que a aparência. Não dependo dela (felizmente) apenas. Ela conta, sem dúvida! Mas não resume quem eu sou e minha força interior, meu potencial.
O corpo é nossa embalagem, um cartão de visitas. Mas não representa quem somos de verdade. A essência, pra mim, conta muito mais do que a aparência, que é efêmera. É triste uma pessoa não perceber que envelheceu e querer manter a juventude a qualquer custo. Ou engordar e achar que é menos digna ou interessante.
Acho que deve haver harmonia e bem estar com o próprio corpo, mas isso deve ser a própria pessoa que decide, que almeja, que busca. Ela é quem deve saber como quer seu corpo, não os outros. É o julgamento alheio que faz as pessoas não se aceitarem.
Se ela se aceita, como é, o julgamento alheio incomoda, mas não ao ponto de ela ficar arrasada por isso, se auto desvalorizando.
O que me impressiona é o quanto as pessoas, em geral, querem decidir a vida do outro. Posso ter minha opinião sobre isso ou aquilo, mas não posso e não devo querer que o outro siga os meus padrões.
Se alguém se queixa pra mim sobre sua aparência, posso tentar ajudá-lo, mas nunca me oferecer pra fazer isso por que acho que é o que o outro quer.
Hoje sinto que meu corpo, minha aparência, independente do peso, estão mudando, envelhecendo. Percebi isso há bastante tempo, mas não me incomodo. Lamento que não possamos ficar do jeito que queremos pra sempre, no auge, mas sem dramas. Tudo tem seu tempo e precisamos aceitar isso.
Por isso, cuide de si (mais do que do outro) e seja feliz com o que tem, todos os dias.

UM GIRO PELA MODA

1700

1789


1870

1880 (+ ou -)


1912


ANOS 20

ANOS 30


ANOS 40

ANOS 40

ANOS 40


ANOS 50


ANOS 60


ANOS 60


ANOS 60

ANOS 70


ANOS 70


ANOS 70


ANOS 80


ANOS 90


ANOS 90


ANOS 90

ANOS 2000

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

MODISMOS



Estava vendo um seriado antigo, Casal 20, quando observei que o Jonathan Hart tira um maço de notas de dinheiro do bolso da calça pra pagar qualquer coisa. Achei engraçado, mas perfeitamente normal, por que ainda convivo com isto. Meu pai ainda usa dinheiro no bolso da calça ou camisa, ao invés de carteira. É interessante que as pessoas mais antigas ainda façam isso, de não usar carteira. Na verdade, nem sei direito quando começou a moda da carteira, mas meu irmão André diz que deve ter sido por causa dos cartões de crédito e achei que faz sentido. Bom, nos anos 80 não deveria existir ainda, por que o seriado retrata um casal muito rico e o mocinho não usa.
Depois disso, desse pequeno episódio, comecei a lembrar de todas as modas, os modismos, que já existiram e ainda existem. Já comentei aqui que não gosto de seguir moda, prefiro o estilo individual de cada um, mas é interessante observar como moda é uma coisa que pega, né?
Lembra da famosa meia de lurex, colorida, com sandália dos anos 70, por causa da novela Dancing Days? Não usei, mas acho hedionda!

Lembra dos blasers com ombreira? E de tudo que existia com ombreira naquela época, anos 80/90? Tinha até sutiã!

 Lembra das calças de cintura alta, principalmente jeans e na cor clara?

Lembra também dos penteados? Revendo o programa do Chacrinha no canal pago Viva, é muito divertido ver como todas as mulheres usavam o mesmo corte de cabelo. Eu também usei, era um corte chamado de 'selvagem'. Não importava o tipo de cabelo, se combinava ou não com aquele corte, mas todo mundo usava.

Interessante como essas coisas não só marcam uma época, como a própria vida da gente, por que nos faz lembrar de que fase estávamos vivendo.
É fácil reconhecer uma época, uma década, pela moda. Olhamos um vestido, um penteado e já sabemos se aquilo é dos anos 50,60 ou 70.
Entendo que a gente deva usar coisas da moda, mas apenas aquilo de que gostamos e não somente por estar na moda e todo mundo usar. Isso é uniformização do pensamento, falta de personalidade, de criatividade.
Lembrei da minha infância e da dorminhoca. Lembra? Uma boneca feinha que todo mundo usava em cima da cama e tinha um cuidado com ela!

Também lembrei do Bingola. Era uma coleção dos anos 70 de tampinhas de garrafa com desenho de personagens da Disney no fundo. O legal era completar uma cartela, como um bingo, com as tampinhas correspondentes aos personagens desenhados. Era uma 'febre' procurar nas ruas por tampinhas de garrafa.

Tinha também a coleção de bonequinhas Fofolete e era raro quem não tivesse!

Dos gibis, lia os da Disney, como Pato Donald, Tio Patinhas, mas também gostava de Luluzinha. A Luluzinha já era uma feminista na época e eu me identificava muito com ela. Tinha o Clube do Bolinha, o amiguinho dela, onde menina não entrava. Talvez por isso hoje se use a expressão clube do bolinha pra identificar eventos masculinos fechados, apenas para homens.

Minha mãe tinha uma sandália com salto de plataforma, que eu adorava usar aos 5 anos. Lá ia eu, desequilibrada, passeando pela casa, em cima daqueles saltos enormes.

Lembra da conga? Quem não ia pra escola com uma?

Tinha os brinquedos inesquecíveis, como aquaplay, aquela vaquinha em cima de um barril que, ao apertar embaixo do barril, ela dobrava as perninhas, a cabeça, ficava toda molinha.

Se passearmos pela moda veremos como ela muda, mas tem pessoas que se mantém numa década e nem percebem que o tempo passou e aquilo está ultrapassado. Uma coisa é a pessoa ter estilo, outra é aderir a um tipo de vestimenta numa época e ficar décadas repetindo aquilo.
Hoje se usa jeans boy friend, que seria como uma mulher usar a calça do namorado, bem grande, folgadona.

Enfim, estão sempre inventando...MODA!


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

DE VOLTA PARA O FUTURO



Outro dia eu assistia ao filme “De volta para o futuro”. Um filme antigo, se eu não me engano de 1985. Está sempre reprisando e, de vez em quando, assisto umas partes.
Mas, desta vez foi diferente, pois fiquei pensando um bom tempo sobre essa história de viajar no tempo.
Lembrei do seriado que passava nos anos '70 e eu adorava, “O Túnel do Tempo”. Já assisti outros filmes que se viaja no tempo também, como o Loucuras na Idade Média, com o Martin Lawrence. Esse tipo de filme, de tema, me atrai.
Fiquei pensando que, se pudesse viajar no tempo, se existisse essa possibilidade, como na fantasia do filme, não iria para o futuro, não. Acho que o futuro vai ter uma série de avanços e extinção de algumas coisas e isso se dá gradualmente. É diferente de não passar por esse processo, não viver isso e pegar tudo pronto. Penso que a pessoa precisa viver cada etapa pra poder assimilar, se não fica chocada, assustada.
Voltaria para o passado, então. Mas, para que época?
Definitivamente, não para a idade média. Pelo que temos conhecimento, essa foi a Idade das Trevas, embora há quem afirme que o termo é errado.
O que mais me incomoda na Idade Média é a sujeira, a falta de educação, mas há também as “guerras, as invasões bárbaras, as crises da agricultura, as epidemias, a imposição da Igreja, a inquisição em relação aos hereges, a centralização da economia restrita aos feudos, as desigualdades sociais, dentre outros aspectos.”
Pesquisando daqui e dali, achei interessante também este trecho abaixo, por nos lembrar dos pontos positivos, das invenções:
As criações do medievo (de aproximadamente dez séculos) atingiram um alto número, dentre elas estão: os moinhos, a charrua, a pólvora, a plaina, o pisão, o arco triangular, os algarismos arábicos, a anestesia, o anno domini, a árvore genealógica, os bancos, os botões, a bússola, o carnaval, o carrinho de mão, as cartas de jogo, o cavalo como força motriz, o garfo, gatos como animais domésticos, a hora de sessenta minutos, a lareira, os livros, o macarrão, a marca d´água, o óculos, os nomes das notas musicais, o Papai Noel, o papel, a prensa de tipos móveis, o purgatório, as roupas de baixo, o tarô, as universidades, os vidros coloridos, o xadrez, o zero, o relógio, as cidades, as moedas, as feiras, a cavalaria, os castelos, as cruzadas, o leme, o astrolábio, as ferraduras, a roda d’ água, o poço artesiano, o estilo gótico(...), entre várias outras coisas, sendo que alguns dos itens inovadores já existiam na antiguidade, só que não eram utilizados por falta de conhecimentos e técnicas.”
De qualquer modo, não me interessa esse período.
Então, quem sabe, para a Grécia ou a Roma Antiga? Não, não. Muita violência.
Acho que me transportaria, então, para os anos 1800. Apesar do calorão que deveria ser usar aquelas roupas pesadas e igualmente não haver asseio, nem ruas calçadas, esgoto, telefone e tudo que transforma a nossa vida pra melhor, com relação ao conforto.
Era uma época romântica, em que não havia televisão e as pessoas sentavam-se à mesa, todos juntos, para as refeições. À noite, novamente reuniam-se para conversar, ou em saraus. Não havia computador, internet, celular ou qualquer coisa que distraísse as pessoas e as afastasse desse convívio. Hoje em dia o mais perto que chegamos disso é quando falta luz...
Adoro casas antigas, estilo colonial, e chego a sentir uma dor quase física, um aperto no peito, quando vejo que estão destruindo alguma. Compreendo o progresso e sei que é necessário, mas a beleza de uma casa antiga, com todos aqueles desenhos na fachada, a imponência, a solidez, a amplitude, os grandes espaços, a altura do pé-direito, tudo isso me dá saudade de um tempo que não vivi ( ou vivi, numa outra encarnação). Por mais bonito que seja um edifício, não chega aos pés de uma casa colonial. Pelo menos pra mim.





Havia os grandes espaços, as terras virgens, as chácaras, muito verde.
As ruas, calçadas com pedra, convidavam ao andar lento, pra não tropeçar. Tudo podia esperar. As correspondências e noticias, como o jornal, custavam a chegar. Levava-se meses pra ir de um lugar a outro e as pessoas não iam pra ficar um fim de semana, mas uma temporada.
Os alimentos eram frescos e naturais. Os orgânicos, como chamamos hoje tudo que é saudável e cultivado de forma adequada, como naquela época.
Não se tinha o avanço da medicina como hoje, o prolongamento da vida, mas também não havia tanta gente doente, as Unimeds da vida, os laborátorios cheios.
Não havia carros, nem a rapidez e conforto do transporte desta forma, mas se podia apreciar a vista enquanto se deslocava de um lugar para o outro. Não havia engarrafamento. Não havia as loucuras e idiotices do trânsito. Não havia selvageria.
As pessoas se conheciam e se cumprimentavam. Os vizinhos eram quase de casa.
Não havia sequestro relâmpago, arrastão, explosão de caixa eletrônico. Os crimes violentos existiam, mas não na proporção de hoje. Mesmo por que, com o avanço tecnológico, deveria ter havido também o avanço moral, social.
As carroças não tinham janelas e ninguém iria nos assaltar por causa do vidro aberto, no sinal.
Não havia cartão de crédito, nem consumismo exagerado. Não havia golpe telefônico, nem de internet.
As pessoas não precisavam malhar em academias, por que o dia-a-dia era a própria academia.
Enfim, poderia enumerar “n” coisas que diferenciam as duas épocas mas, como tudo, nos anos 1800 nem tudo eram flores ou romantismo.
Em muita coisa nossa vida ficou facilitada, mas pergunto o preço disso tudo.
Viajar para os anos 1800 me daria a real proporção do que imagino e, certamente, decobriria os pontos negativos com muita rapidez também.
Mas, ainda sim, me transportaria para lá, direto do túnel do tempo...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ABRA A CABEÇA !


Eu conversava numa rodinha com uma amiga e outro amigo e ela nos disse que conhecia pessoas (que nós também conhecemos, eu e meu amigo) que costumavam fazer listinha de quem era gay e de quem não era entre seus conhecidos.
Fiquei pasma com essa informação!
“Que coisa mais idiota!” Foi minha reação (e falada claro).
O preconceito existe em todos os lugares e praticamente em todos nós, mesmo quando achamos que não estamos sendo preconceituosos.
Já mandei piada sobre gays pra um amigo gay, sem me dar conta do fato. Apenas quando vi a reação dele de constrangimento (óbvio), foi que me dei conta de que é claro que ele não acharia engraçado. Já mandei piadas sobre negros pra uma pessoa negra. Engraçado que nunca mandei piada de pessoas gordas pra alguém, pelo menos não que eu me lembre...rs
Mas o que é o preconceito?Vamos lá consultar no São Google, que traz como primeira opção a definição da Wikipédia: Preconceito (prefixo pré- e conceito) é um "juízo" preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude "discriminatória" perante pessoas, lugares ou tradições considerados diferentes ou "estranhos". Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém, ou de um grupo social, ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito são: social, racial e sexual.
De acordo com outra definição, desta vez psicológica, que consegui em outro site, “a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.” (Adorno, 1950)
Pensando desta maneira, podemos ver o por quê de as pessoas serem preconceituosas. Muitas vezes é uma questão cultural, que elas mesmas nunca pararam pra analisar, apenas ouviam o preconceito de seus pais e o reproduziam. Há que se ter uma personalidade bem definida e forte pra se questionar o preconceito.
E ele existe, como disse, em todos os lugares, classes sociais, em todos os níveis de conhecimento.
Há aquele machista declarado, como o enrustido, o gay declarado, como o gay enrustido e assim se vai pela vida afora. Há pessoas que dizem, até sem perceber:”ah, ele é negro, mas é limpinho, é direito.” Ou “ aquele moreninho”, na verdade querendo dizer negro, mas não falam com medo de serem pejorativos. Qual é o problema de se falar a palavra ‘negro’ ? Acho que tudo vai da intenção, do tom de voz, do que se quer dizer.
Acho que as pessoas merecem respeito em todas as situações.
Aquele que é vítima de preconceito sofre muito e, na maioria das vezes se cala, por que sabe que não levantar polêmica é, muitas vezes, uma saída estratégica pra não se sentir ainda mais humilhado com as palavras do outro, a não aceitação. E em outras vezes é por que percebe que tem pessoas com a cabeça tão hermeticamente fechada, tão obtusas, em sua ignorância, que não vale a pena discutir com elas e “gastar latim à toa”.
Sempre penso no preconceito como realmente uma rigidez de pensamento, como alguém que quer nivelar as pessoas, não aceitando as diferenças, o modo de ser de cada um. E daí que o fulano é gay? Qual o problema disso? E ser negro? Ser negro para alguns é sinônimo de ser ladrão, de ser ‘sujo’ e por aí vai. Por que isso? Claro que vem dos tempos da escravidão, mas já faz um tempinho que eles foram libertos, né? Como hoje em dia se pode pensar que a cor da pele de alguém define seu caráter?
Claro que a pouca escolaridade do Lula e do Tiririca nos deixam apreensivos quanto aos destinos do país, mas e o que dizer dos que lêem perfeitamente, escrevem até teses e, por isso mesmo, se aproveitam de seus cargos e se corrompem?Não é bem mais grave?
Falo aqui apenas dos preconceitos mais óbvios, mais comuns, mas todos temos, em algum nível, uma crença qualquer, que nos foi repassada e muitas vezes nem foi pensada, apenas aceita, e seguimos com ela vida afora, sem questionar, sem se colocar no lugar do outro, daquele que é o objeto do preconceito. E se fôssemos nós?
Muitas vezes somos, sim, objeto do escárnio alheio, seja pelo tipo físico ou jeito de ser, mas não nos lembramos disso na hora de discriminar o outro, apenas se ele tiver um ‘problema’ semelhante ao nosso. Ou não, como diria Caetano.
"A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original." (Albert Einstein)
Open your mind !!

CRÔNICA POSTADA EM 2011