sexta-feira, 30 de março de 2012

A CRIANÇA DENTRO DE MIM


Sempre gostei de leitura, qualquer que seja, mas tenho um amor antigo e especial por gibis. Também leio quase todos, mas gosto principalmente da Turma da Mônica. E, dentro da Turma da Mônica, mais ainda do Chico Bento. Adoro o jeito ingênuo, puro e engraçado dele. E acho que gibi faz isso, nos remete a esse estado de pureza infantil.
Também gosto de desenho animado. Quando criança, meus preferidos eram Os Flintstones e Os Jetsons (que ainda gosto). Hoje, é o Bob Esponja. O Bob Esponja tem o mesmo comportamento do Chico Bento. Ambos são bondosos, gostam muito de ajudar, são puros e engraçados.



Há quem ache que desenho animado ou gibi é coisa de criança. E é. Mas adulto também pode. Ou não? Acho que a leveza e descontração desse tipo de programação ou leitura nos traz muitos benefícios. Mergulhada nos desenhos ou leitura, somem as preocupações e todas as chatices do mundo adulto.
Quando criança, ansiava por ser adulta. Uma vez, perguntei para minha mãe o que era ser adulto e ela disse que era ter muitos problemas. E eu queria muito ter problemas, para, então, ser adulta. Hoje os tenho em profusão e não quero mais ser adulta...
É interessante observar como tem pessoas que negam seu lado infantil, como não alimentam sua criança interior. A minha criança interior não foi sufocada. Pelo contrário! Ela está viva e muito presente em quase tudo que eu faço. Seja na sinceridade com que respondo as perguntas que me fazem, tal como uma criança faria. Seja em lamber a tampa do iogurte, abrir o biscoito recheado para comer primeiro o recheio ou raspar a panela do doce. Tudo isso eu faço, sem nenhum constrangimento. Gosto de desenhar, de colorir, de brincar com massinha... mas essas coisas aproveito para fazer com minha sobrinha de seis anos, senão eles me internam.
Há em mim, acho, um pouco do Chico Bento e do Bob Esponja. E procuro manter isso vivo, presente.


Não tenho medo de perguntar, de falar com estranhos, de arriscar em fazer algo que nunca fiz. Pelo contrário! Minha curiosidade é quase infantil, pois quero saber como as coisas funcionam, quero descobrir por mim mesma como é andar num brinquedo novo no parque de diversões. Faço o que tenho vontade, sem ligar para o que os outros vão pensar. E gosto, particularmente, da frase que diz: “A sua consciência é quem você é e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam de você, é problema deles! Tem mais liberdade que isso? Que ser assim?
Quantas vezes ouço “mas isso é coisa de criança!” e não me ofendo, por que acho que estão até me elogiando! Claro que quando tenho minhas birras, quando fico 'de mal' (calma, tô resolvendo essa parte) não é legal.
Acho que se houvesse mais 'crianças' nesse mundo, ele seria mais leve e mais puro.
Não quero, com isso, me atribuir ares de pureza. Não. Longe disso! Bem, nem tão longe assim, vamos ser mais generosos comigo. Mas quero dizer com isso que a intenção é que conta e as crianças são abertas, elas fazem sem maldade, fazem de coração. Quando um adulto faz, o outro adulto logo pensa que há algo por trás, que há algo escondido, que tem outra intenção por trás do gesto.
Antigamente eu tinha o hábito de tirar o sapato de salto nos eventos sociais, como festas. Se era um casamento, eu ficava na igreja calçada, mas ao chegar na festa, já tirava. Se fosse uma festa de fim de ano do meu trabalho, fazia a mesma coisa. Não gosto de nada que me aperte, me deixe desconfortável e, por isso, sempre que podia, tirava o calçado que, sendo alto, normalmente incomoda. E o interessante é que todo mundo quer fazer isso, mas não faz, por que tem vergonha.
E digo 'fazia' isso, por que hoje não uso mais salto alto. Do contrário, ainda estava fazendo até hoje!
Talvez esse meu jeito seja um pouco de rebeldia e certamente há quem pense que não quero crescer, mas não é nada disso. Apenas me sinto livre para ser quem sou. Sem cobranças, sem preocupações. Se isso é ser rebelde então, sou mesmo!
Defendo que as pessoas possam ser elas mesmas, sem essas amarras, e o jeito é deixar que sua criança interior venha à tona.
Liberte-se! E seja feliz!


quinta-feira, 22 de março de 2012

OPRESSÃO



A opressão é um sentimento aviltante.
A foto abaixo poderia ser usada de muitas maneiras, pois circula livre pela internet. Eu mesma já a recebi num mail sobre criatividade. A gente acha interessante quando olha e realmente fica engraçado, tem seu humor, mas ao mesmo tempo é imensamente triste. A pobreza gera a criatividade. Uma pessoa oprimida também precisa dela pra sobreviver.
Essa foto é um caso extremo de opressão pela pobreza.

Há a opressão pelo corpo perfeito, gerando inclusive distúrbios psicológicos, como esse abaixo.


Há a opressão pela força, pela tirania. Essa nós temos fartos exemplos. Podemos ser tiranizados por um governante, pelo trabalho, por uma vida sem graça, pelo trânsito.
A tirania dos governantes, dos ditadores melhor dizendo, é sem dúvida um dos piores exemplos de supressão da liberdade, seja física, seja moral, seja do pensar.
E quantos exemplos temos tido de pessoas que lutam pela liberdade, derrubam e até matam esses tiranos? A opressão gera uma opressão que faz com o que o indivíduo primeiramente, depois um grupo e, finalmente uma nação, possam ter forças para lutar contra o que os oprime.


As pessoas chegam no limiar de suportar aquela situação e aí, então, o desejo de sair dela é tão forte que surge a coragem, a criatividade e até mesmo a violência.


Às vezes, precisa-se de muito tempo para que se consiga atingir esse objetivo de se livrar da opressão, mas ele chega em algum momento. Inicia-se com pequenos movimentos, mas que vão encorajando outros e há o Dia do Juízo Final, o Dia da Libertação.
Onde estão os tiranos que torturaram nações inteiras? Eles se multiplicam até hoje, mas todos, sem exceção caem. Mesmo que seja pela morte natural.
Onde estão Hitler, Stálin, Mussolini, Saddam, Pinochet, Pol Pot, Kim Jong-il, Kadafi (que tiranizou por 42 anos um povo), Franco? E os ditadores africanos? Bom, desses últimos ainda tem alguns espalhados.
E os modernos, como Fidel e Chaves? Ambos doentes, com câncer.


Para quê tudo isso?!
Teríamos inúmeras respostas, como o gosto pelo poder, a ambição e a vaidade, por exemplo. Mas a opressão e o sofrimento consequente que tudo isso gera, é inestimável.


Uma mulher pode ser oprimida pelo marido machista. Outras, por toda uma cultura.
Uma criança, pela violência dos pais ou responsáveis.
Podemos ser oprimidos pelo excesso de trabalho, pela falta dele e pelas chefias.
Podemos ser oprimidos pelo trânsito, pela violência (cada vez mais corriqueira), pela falta ou excesso de cultura, pela falta ou excesso de informação, pelo consumismo, pela falta de dinheiro, pela ignorância, pelo progresso.


Tenho me sentido oprimida em muitos sentidos ultimamente. Seja no trabalho, no trânsito ou mesmo onde moro. A rua que resido está se transformando numa rua comercial, com tudo que isso implica. É o progresso. Mas se esse progresso visa melhorar a vida dos cidadãos, também deixa atrás de si um rastro de muitas consequências. Era uma rua calma, tranquila, segura, larga. Está se transformando numa rua apertada, com carros circulando o tempo inteiro, em todas as direções e perigosamente nos cruzamentos. Há trechos que dá um nó, ninguém se entende no trânsito. Há ainda os que insistem em deixar os filhos no colégio e estacionam em fila dupla, desavisados que agora tudo está ficando mais rápido e difícil. Há o banco que se instalou quase ao lado da minha casa, gerando além de movimento excessivo, insegurança. Agora nossa rua está virando um lugar de poucos estacionamentos, porque os clientes e funcionários do tal banco se aboletam por ali. E ainda vai abrir agência de outro banco no lado oposto da rua, mas bem pertinho de nossa casa. Vai ficar ainda pior.
O trânsito para me deslocar ao trabalho está cada mais pesado, mais engarrafado, em todos os horários. Até mesmo na BR, no fim do dia, próximo das 18:00 horas está tão carregado, que brevemente teremos que instalar sinaleiras em toda sua extensão dentro do perímetro urbano!
Temos que sair de casa (e dos lugares em que estamos) cada vez mais cedo, pois o tempo se torna curto num engarrafamento. E isso é diariamente. Gera stress e stress oprime.
Se já não bastasse, a empresa em que trabalho há 26 anos vendeu nosso estacionamento e agora há o problema de conseguir onde estacionar. Os pagos, estão superlotados. As ruas, cada vez mais inseguras. No primeiro dia em que deixei o carro na via pública já tive o espelho retrovisor externo quebrado.
Deixamos o carro no início da manhã ou tarde e não sabemos como iremos encontrá-lo. Ou se iremos encontrá-lo. Os motoristas que se revezam nas vagas barbeiramente deixam pistas. Isso é opressão.
Uma chefia que ameaça os funcionários com demissão, oprime.
Em minha casa estamos sem faxineira e todos saem o dia inteiro. A noite, precisamos colocar a casa em ordem e isso significa uma dupla jornada de trabalho. Isso oprime.
O clima está cada vez mais confuso e imprevisível. O verão, de tão escaldante, se torna torturante e o inverno, cada vez mais rigoroso.
As pessoas estão até usando sombrinhas por causa do sol quente. Isso é coisa que foi abolida há pelo menos um século! E teve que retornar, mas não por motivos culturais, e sim pela necessidade mesmo. É um retrocesso!
O ar condicionado não é mais um artigo de luxo, mas de primeira necessidade.
Enfim!


Mas a opressão, embora tenha seu lado negativo e desperte sentimentos como humilhação, frustração e impotência, também nos impulsiona para frente, por que buscamos sair dela e, consequentemente, mudar nossa conduta, nossa acomodação, nossos conceitos (ou pré-conceitos).
A opressão faz isso mesmo: PRESSIONA.
Seja uma pressão interna ou externa, ela faz com que nada fique estático. Nos obriga a pensar, refletir e gera uma ação, uma atitude.
Se vermos isso pelo lado positivo, evoluímos. Do contrário, sucumbimos.
LIBERTÉ, EGALITÉ, FRATERNITÉ !” (Liberdade, Igualdade, Fraternidade)
LIBERTAS QUAE SERA TAMEN !” (Liberdade, ainda que tardia!)
E: VIVA LA REVOLUCION!”


terça-feira, 20 de março de 2012

PARADOXOS



Os paradoxos me atraem. Sempre me atraíram.
Adoro contrastes. Muitas vezes eles são exatamente isso: controversos, mas ainda assim fazem sentido. Parece paradoxal o que estou dizendo? Mas é!
E gosto das redundâncias também. Acho engraçado. Sempre corrijo, mas continuo achando engraçado.
Vou dar um exemplo: tem um comercial de inseticida que o mote é “Blablabla”, mata bem morto!
Não é um paradoxo isso? Uma coisa está ou não está morta. Não existe isso de ' bem morto' (nem menos morto). Mas entendemos o que eles querem dizer. Muitos inseticidas apenas deixam o inseto, geralmente baratas, um pouco tontos, paralisados, mas daqui a pouco passa o efeito, eles levantam e saem correndo! Esse bem morto que querem se referir é matar de uma vez só. Não é paradoxal dizer isso também, 'matar de uma vez só'? Todas as vezes que passa esse comercial eu dou um sorrisinho de canto de boca, divertido, e repito o mote deles “ mata bem morto”. É inevitável!
Uma vez estava chegando numa casa noturna e percebi que não tinha ninguém lá fora, parecia fechada. Estava com uma amiga e abordamos um senhor que vinha logo atrás, perguntando o óbvio, se a boate esta fechada. O que queríamos, na verdade, era saber detalhes. Queríamos uma confirmação do que estávamos vendo e o por quê. Ele era português e respondeu o óbvio também: “Se não estare aberto, é porque estare fichado!” Agradecemos, mas achamos muito engraçada essa resposta. Depois vim a saber que os portugueses falam e entendem tudo ao pé da letra.


Acho que o que gosto nos paradoxos é o inusitado, a impossibilidade que se torna real. O interessante nas contradições é que elas existem muitas vezes até mesmo inconscientemente. As vezes dizemos uma coisa e fazemos o contrário. Parece uma contradição, mas de algum modo aquilo faz sentido só pra nós. Muitas vezes parecemos hipócritas aos olhos dos outros, mas só nós entendemos que naquele caso é diferente. Há os gosto inusitados como feijão com manga. Alguém come isso? Não sei, mas eu não como. Certamente, há alguém que goste. O contraditório, o inusitado, o diferente, podem ser paradoxais. Até mesmo as manias. Alguém aqui, por exemplo, liga o ventilador, o ar condicionado e dorme com edredom? Eu faço isso. E parece perfeitamente normal pra mim. Só quando as pessoas se espantam é que percebo que nem todo mundo faz isso...Isso é uma mania, mas soa aos ouvidos alheios como uma coisa paradoxal. Afinal, se estou com tanto calor ao ponto de ligar o ar e o ventilador ao mesmo tempo, como posso usar o edredom?! Mas pra mim tem lógica, por que depois de um tempo o quarto fica frio e eu adoro frio. Chamo de uma 'mini reprodução do inverno' o que faço. Mas as pessoas não conseguem fazer este meu raciocínio truncado, naturalmente. Gosto de pratos doces e salgados ao mesmo tempo, tipo salpicão. Acrescentar uma fatia de abacaxi ao prato principal acho uma delícia! Salada de batata (nossa maionese) com passas, abacaxi e maçã, não é tudo de bom? Mas nem todo mundo acha isso. E isso já é paradoxal, essas diferenças. Não é engraçado quando a pessoa tá de dieta, pede uma fatia de bolo de chocolate, ou de torta, beeeeeem calórica e, pra acompanhar, um refri diet? Pra quem vê a cena isso não é um paradoxo, um contrassenso? Mas pra quem a está vivendo, deve ter alguma lógica, como a culpa, por exemplo. O refri diet deve minimizar o efeito da torta naquele momento, pelo menos na consciência.
O paradoxal foge a regra. E transgredir, é comigo mesmo!


segunda-feira, 5 de março de 2012

O SOM E A FORÇA DAS PALAVRAS


Em nossa língua portuguesa temos uma riqueza de fonemas, de expressões, que nos encantam.
Muitas vezes não nos atemos ao significado do que estamos dizendo, mas ao som de uma palavra. É isso que nos chama a atenção.
Por exemplo, nunca gostei do som (apenas do som, eu disse) da palavra comida. Nem sei dizer por que, mas acho uma palavra muito feia. Já a palavra claro/clara, é tão gostosa de pronunciar...
Lágrima, benefício, luz, paz, sabores, sublime, macio, forte, mágica, alegria, chuva, bolsa, nuvem...são palavras de uma sonoridade tão atraente...(atraente também é boa).
Já pensou alguma vez nisso? Já pensou no som das palavras?

Tem palavras que são verdadeiros trava-língua. O nome Maurício, por exemplo, sempre preciso falar devagar pra não dizer Maurilcio. Em certos momentos, tem palavras que simplesmente fico repetindo, repetindo, e não consigo sair das primeiras sílabas. Uma amiga minha diz que não consegue pronunciar a palavra densiometria. Ela diz que a palavra é fácil de pronunciar, de escrever, mas ela não sabe porque precisa falar com bastante vagar, senão não consegue. E parece ser sério, por que ao tentar dizer a palavra (que ela não conseguia lembrar), apenas me indicou sobre o que estava falando, eu disse a palavra e ela só concordou: É. É essa!. E rimos, por que eu disse que nem nesse momento ela conseguia dizer e/ou repetir.
Engraçado também é quando (acho que hoje isso não acontece mais) as pessoas iam ao cartório registrar um filho e, por falarem errado, o escrivão também escrevia errado e a criança ficava com o nome registrado de forma absurda, apenas por ignorância do escrivão.
Isso tem a ver com a pronúncia. Se o nome comum é Adilson e uma pessoa mais do interior fala Adirson, como costumam fazer, usando mais o r do que o l, cabe ao escrivão descobrir se realmente ela quer dizer uma coisa ou outra, antes de registrar.
Tem palavras que as pessoas não tem jeito de falarem certo, já percebeu?
Uma delas, que sempre me angustia, é advogado. As pessoas, em geral, dizem adevogado.
A palavra problema é um verdadeiro pobrema, ploblema, poblema.
A delicada palavra claro, que gosto tanto, vira craro.

Também não gosto de palavrão. Nada a ver com puritanismo, mas com a leveza e o significado de certas palavras. Um palavrão, sei lá porque, tem o poder de exorcizar os demônios internos de alguém e dar alívio pra quem o fala, mas pra mim significa, pura e tão somente, um palavra grosseira, de significado chulo, e que nada me acrescenta, nem mesmo 'alívio'. Pessoas que falam muito palavrão me parecem ser pobres de vocabulário, não ter classe, nem respeito pelos ouvidos e suscetibilidade alheios. Podemos dizer a mesma coisa de formas diferentes, sutis e produzir muito mais efeito. Até tenho uma teoria de que quem fala muito palavrão é mais puritano e muitas vezes o faz pra chocar, pra parecer transgressor.
Há palavras que, em línguas diferentes, possuem uma sonoridade engraçada ou maravilhosa. O significado é o mesmo, mas no som, quanta diferença...
E, às vezes, dentro de uma mesma língua o mesmo som tem diferentes significados. Um exemplo: a palavra canto.

E também tem sons que podem ser confundidos com outros parecidos e aí dá uma confusão...
E agora vamos aos significados das palavras. Em inglês, saudade é I missing you (eu preciso de você). Essa é a forma de eles declararem o que sentem. Pra nós, saudade, traduz tudo e não existe em mais nenhuma outra língua.
Quando alguém diz eu te amo (e isso não é banalizado, como ficou nos últimos tempos) tem um peso muito grande, porque é a expressão máxima do sentimento, do amor.
Quando alguém diz eu te apoio, eu te ajudo, eu te defendo, não tem um significado de solidariedade e de conforto?
Quando alguém diz eu te odeio, eu não quero mais te ver, saia daqui!, não tem um peso enorme, agressividade, uma carga negativa?

Acredito na força das palavras. Muitas vezes é o tom que pode pôr uma relação (de amizade, amor) a perder. O jeito como falamos pode fazer com que alguém interprete errado nossas intenções. Quando escrevemos, essa relação fica ainda mais tênue, mais frágil, sujeita a muitas interpretações. Se colocamos a pontuação errada, se não colocamos rs (risos) ao final de um texto ou e-mail, pode ser que a pessoa não entenda o sentido de brincadeira que quisemos dar às palavras.
É por isso que exijo tanto dos comunicadores, dos jornalistas, que tenham ética e muito cuidado com o que dizem, pois ao transmitirem um fato, um acontecimento, podem induzir as pessoas a muitos julgamentos, entendimentos e até mesmo à violência. São formadores de opinião e, por isso, precisam ser imparciais. Quem ouve é que fará seu próprio julgamento, desde que não se seja tendencioso, não se queira induzir o ouvinte, leitor e/ou telespectador a algo.
Existe um ditado que diz que três coisas são imodificáveis. A seta depois de lançada, a pedra depois de atirada e a palavra depois de proferida. Não dá pra voltar atrás em nada disso. Mesmo que tentemos desdizer algo, sempre ficará a dúvida.
Quando escrevo um texto, procuro ser fiel aos meus pensamentos, mas nem sempre consigo ser bem compreendida, imagino, na intenção, no sentido, para quem o lê. Não sei exatamente a fronteira pra essa interpretação (onde começa uma coisa e termina outra), mas se fosse diferente, nunca escreveria nada, pelo medo de não ser corretamente entendida.
Por isso que muitas pessoas preferem falar pessoalmente ou ao telefone, do que por escrito, pra não dar margem a erros de comunicação.
E como é gostoso ler um texto bem escrito, porque as palavras meio que pulam do papel e conseguimos nos transportar pra um mundo diferente.
Conseguimos nos divertir com o sentido dúbio e proposital de uma expressão, conseguimos nos emocionar, nos indignar, pensar, enfim, refletir sobre.
As palavras, escritas ou faladas, devem ser muito pensadas e cuidadosamente usadas.
Independente do som, elas tem sempre muita força.

sexta-feira, 2 de março de 2012

TER CORAGEM


Coragem é uma qualidade rara e muito apreciada.
Mas o que faz com que uma pessoa seja mais ou menos corajosa? O que a motiva?
Acredito que existam pessoas que, a primeira vista, sejam consideradas corajosas, quando na verdade são inconsequentes. Elas se atiram sem rede de proteção, ao sabor do acaso, só pra ver no que dá. É quase um impulso, sem medir consequências.

Outras, avaliam (mesmo que rapidamente) uma situação e decidem tomar a decisão mais difícil, mas que para elas é a saída honrosa, a única opção possível para ficarem em paz com suas consciências.
Uma mãe, por exemplo, que veja seu filho em perigo. Se for mesmo uma mãe, de verdade, ela poderá ter atitudes, atos, de coragem extremos, pondo sua própria vida em risco, mas que as pessoas chamam de instinto. Seja instintivo ou não, não há dúvidas de que exista coragem nisso.

As cenas constantes de protestos na TV, que vemos com tanta frequencia, demonstram muitos atos de coragem, de enfrentamento ao poder, a algo maior do que eles. Eles ousam protestar.
O corajoso é ousado.
É destemido, mesmo quando sente medo.
É digno por assumir aquilo que quer, de lutar pelo seu ideal.
É íntegro, porque procura fazer o que considera certo.

Como é emblemática a cena de um protestante sendo arrastado pela polícia. Como isso nos impacta, de ver aquela pessoa ferrenha em sua crença.
Os líderes costumam ser corajosos, raras as excessões. Os pacifistas muito mais, pois tem algo mais forte que os move: um ideal.
Mas há também aquela coragem que não tem a ver com atos de bravura, de arrojo, de heroísmo.
É aquela coragem discreta, nascida da necessidade, que muita vezes nem a pessoa sabia que tinha.
É a coragem pra superar uma característica como a timidez, por exemplo.
É a coragem de ser honesto, de precisar de dinheiro, ter acesso, mas saber que aquilo não é seu.
A coragem de mudar coisas pequenas, como hábitos e rotinas.
É a coragem de mudar toda sua vida.

O que nos move na coragem é, sem dúvida, um limiar. Quando chegamos ao limite de uma situação, isso nos impulsiona pra mudança e nasce a coragem.
Depois que superamos a situação, e demonstramos coragem, muitas vezes surpreendendo a nós mesmos, sentimos um imenso alívio e orgulho de ser quem somos.
Essa satisfação se origina na superação, pois quem é corajoso se torna mestre em superar os desafios, os limites.
A coragem é uma qualidade muito admirada, muito ambicionada, mas também muito difícil de se obter, porque a pessoa precisa querer. Não basta desejar, mas tem que haver o esforço na sua conquista.
Também é uma decisão, porque a pessoa precisa decidir o que fazer. Mesmo que rapidamente, mas é ela quem decide.

Coragem e medo são antagônicos, por que mesmo que a pessoa sinta medo, a coragem é mais forte. Só é corajoso quem supera seus medos. Eles podem estar paralelos, mas se a pessoa demonstrou coragem, foi porque a coragem venceu o medo.
A pessoa corajosa é ativa, é confiante, pois sabe que tem recursos internos, tem capacidades acima da média, pois supera seu principal adversário: o medo.

E é daí que surge a admiração alheia (e, às vezes, dela própria), pois o medo é um sentimento muito forte, que paralisa as pessoas. Quem luta com ele e o vence, demonstra ser um forte.
Há pessoas que nascem corajosas, que tem isso como característica principal. Mas há também aqueles que a adquirem, pois se a exerceram mesmo que em um momento sem outra alternativa, se acostumam e se tornam mais confiantes de que “sim, eles podem”!
Enfim, pra ser corajoso é preciso TER CORAGEM!