sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

QUANTO VALE UMA VIDA?


Um cliente insatisfeito com o prazo do conserto do carro matou o dono da oficina mecânica no Guará Dois, cidade a 15 quilômetros de Brasília. O mecânico, de 56 anos, foi assassinado em frente à oficina dele às 15h com dois tiros, um na perna e outro no peito. O assassino, segundo a polícia, ficou irritado porque o mecânico atrasou o conserto do carro dele. O criminoso fugiu. A polícia vai analisar as imagens da câmera de uma loja.”
Mais uma morte banal em restaurante. Dessa vez o crime ocorreu em Planaltina (DF), região administrativa a 40 km de Brasília. O dono de um restaurante foi morto na terça-feira, após reclamar a clientes por deixarem comida no prato. Josafá Pereira da Silva, 46 anos, era proprietário de um estabelecimento que cobra R$ 7,99 por almoço, mas pede que não haja desperdício. Esse fato foi mostrado hoje no Bom Dia Brasil. Na segunda-feira, dois homens almoçaram no restaurante, mas deixaram comida no prato. Eles voltaram na terça-feira, e o dono do local fez a reclamação. A dupla deixou o restaurante, mas voltou uma hora depois e matou o comerciante. Os suspeitos fugiram.”
Um turista foi morto a facadas pelo dono de uma churrascaria na noite de segunda-feira (31), horas antes do Réveillon. Segundo informações da 5ª Companhia da Polícia Militar do Guarujá, o motivo foi uma discussão pelo valor da conta.
O caso ocorreu por volta das 19h30. O cliente, que não teve o nome divulgado, reclamou que a conta excedia em R$ 7 o valor da refeição exposto na entrada da churrascaria Casa Grande, que fica no bairro Enseada.
Funcionários começaram a discutir com o cliente. De acordo com a polícia, o turista deu um soco no proprietário. Ao ver o pai ser atingido, o filho, também dono do restaurante, golpeou o cliente com uma faca.
A vítima morreu no local. O autor do crime está foragido. O caso foi encaminhado para o 1º DP do Guarujá.”

Ultimamente, estamos sendo assolados por notícias destas quase que diariamente. Pululam no noticiário e nos deixam cada vez mais perplexos. Embora estejam se tornando corriqueiras, ainda assim conseguem surpreender e indignar o ser humano.
Às vezes, fazendo qualquer coisa, ao ouvir uma noticia assim, páro em frente a TV, abrindo e fechando a boca várias vezes, coração apertado e fazendo um sinal negativo com a cabeça.
Existe algo que justifique alguém dispor assim da vida do semelhante, por coisas tão corriqueiras, do dia-a-dia? É verdade que tem gente que nos tira do sério, mas daí a matar alguém por termos sido contrariados vai uma looooooooonga distância.

A banalidade destes homicídios chega às raias do surreal.
Nos Estados Unidos existe a proposta de se desarmar a população justamente por eventos como esses, em que um cidadão entra numa escola e dai disparando a torto e a direito, matando crianças e quem mais estiver em seu funesto caminho.
No Brasil, país do carnaval, do futebol, do samba, da cordialidade, da alegria, vivemos dilema parecido.
Por aqui ainda não se mata coletivamente, mas, nesse passo, não demorará a acontecer, a termos mais essa modalidade de crime.

No trânsito, num restaurante, numa oficina mecânica. Em qualquer lugar, a qualquer hora e por qualquer motivo, um cidadão decide sobre a vida do outro por motivo torpe, vil. Desnecessário.
O que as tensões do dia a dia, o orgulho, as frustrações, a sensação de poder que uma arma transmite, podem fazer e mudar completamente o destino de alguém.
Sem dúvida que um estudo mais aprofundado da sociedade doente que vivemos se faz necessário. Mas, ainda mais, medidas efetivas e rápidas se fazem necessárias com urgência!
Nosso excesso de pacifismo e acomodação não pode dar origem a assistirmos placidamente o descontrole da população.

Em alguns países, como os árabes, por exemplo, a punição de cortar a mão de quem rouba parece medieval, grotesca. Mas eles só conseguiram conter os ânimos dos reincidentes com medidas punitivas severas. Japoneses também tem códigos próprios que funcionam.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, eu diria. Mas precisamos ao menos analisarmos e buscarmos alternativas pra que crimes banais não se tornem ainda mais banais, anestesiando nosso bom senso.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O PODER


O poder é uma coisa que encanta muitas pessoas, senão a maioria. Uso como frase de rodapé dos meus e-mails, ultimamente, a seguinte: "Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder." (Abraham Lincoln)
Não tenho certeza se foi o próprio Abraham Lincoln quem disse isso, mas gostei da frase, por que ela traduz uma verdade. E cada vez fico mais surpresa com o que as pessoas são capazes de fazer em nome do poder.
A última é a do presidente da Venezuela, Hugo Chaves.
Ele tem câncer, fez várias cirurgias e agora está internado, depois da última, em Cuba.
Li, com assombro e indignação, na internet, o seguinte:
O presidente reeleito da Venezuela, Hugo Chávez, não poderá estar no próximo dia 10 em Caracas para tomar posse no seu novo mandato, pois ainda se recupera em Cuba de uma nova cirurgia contra um câncer, disse seu governo na terça-feira, em carta à Assembleia Nacional... A constituição venezuelana prevê que o mandato presidencial começa em 10 de janeiro, e a oposição exige o cumprimento da norma que especifica que uma junta médica deve decidir se Chávez tem condições de assumir o cargo, ou se uma nova eleição deve ser convocada....A oposição venezuelana também pediu na terça-feira que os demais presidentes latino-americanos não apoiem a intenção do governo de adiar a posse do novo mandato. Marco Aurélio Garcia, assessor de assuntos internacionais da Presidência brasileira, revelou na segunda-feira que o Palácio do Planalto apoia os planos do governo venezuelano de adiar a posse.”
Como pode isso??!! Já acho um disparate que o governo Venezuelano se preste a isso, mas nós, representados pela Dilma, também??!! Como podem desrespeitar assim a própria Constituição? Fico abismada com o que as pessoas são capazes de fazer pelo Poder...O Presidente (?) da Síria também é outro que não quer 'largar o osso', como se diz. O país está sob sua tirania há 12 (!) anos. Ele foi eleito por um referendo, após a morte de seu pai, ocorrida em junho de 2000. E reeleito em 2007, pelo mesmo referendo. Nas duas vezes era o único candidato. Hoje o país está em Guerra Civil, e ele quer continuar no poder, mas nem o povo, nem a comunidade árabe, nem os Estados Unidos querem que isso aconteça. O Canadá, os EUA e a união Européia já adotaram sanções contra a Síria. Não sou habilitada para discutir política, mas quis ilustrar aqui os últimos acontecimentos que tem me deixado cada vez mais perplexa. Os ditadores são pessoas que não aceitam a transição do Poder, abandonar seus cargos. Eles estão presidentes, mas não são presidentes, como gostam de achar. O Poder exerce um fascínio que cativa e ilude a muitos. Quanto mais vaidade e orgulho, mais a ambição pelo poder e a consequente dificuldade em abandoná-lo. O poder é uma extensão de suas personalidades. Normalmente, para que se consiga que um tirano abandone o Poder, só com violência, infelizmente. Dificilmente algum deles aceita passivamente a transição. E a tirania é, para mim, a pior forma de coação. Impor que alguém dirija os destinos de muitos, usando de métodos cada vez mais escusos, me deixa revoltada, indignada. Essa história do Chaves, agora, parece piada, mas não é. Dizem até que ele está em coma induzido. Eles são capazes de fazer um moribundo governar o país!! Meu Deus!! E tiranos não existem apenas no governo de nações. Existem em pequenas empresas, no comércio e até mesmo no próprio lar! Pesquisando sobre o assunto, podemos compreender melhor através do trecho abaixo:
Com “Le Discours de la Servitude Volontaire” (1552), compreendemos que a gênese da desumana opressão exercida pelos poderosos aos menos favorecidos é atemporal e universal. Escrita como um mero panfleto militante, aos 16 ou 18 anos pelo Pensador francês Etienne de La Boétie, enquanto estudante de Direito, esmiúça os porquês que levam a multidão a se permitir escravizar, cega e voluntariamente, a se dispor a servir. Para La Boétie, é o povo que se sujeita e se degola; que, podendo escolher entre ser súdito ou ser livre, rejeita a liberdade e aceita o jugo, consente tal mal e até o persegue. Como ocorre esse processo é sobre o que o autor se debruça. Etienne esclarece que o tirano obtém seu poder com a conivência do próprio povo subjugado e que a este bastaria decidir não mais servir, recusar-se a sustentá-lo para que se tornasse livre. Ao esmiuçar os meandros da servidão, revela como está em nós enraizada a vontade de servir, apesar de existir em nossa alma um germe de razão produtor da virtude (desde que alimentados pelos bons costumes e bons exemplos) e de que a própria natureza é justa (pois para esta, nenhum ser humano pode ser mantido em servidão). Os próprios animais prezam a liberdade e se recusam a servir; quando o fazem é por imposição. Para consolidar a nova tirania e aumentar a servidão, afastam toda e qualquer idéia de liberdade presente no espírito do povo. Em resumo, independente de como chegam ao poder, o modus operandi é quase sempre o mesmo: os conquistadores vêem o povo como uma presa a ser dominada; os sucessores como um rebanho que naturalmente lhes pertence e, por fim, os eleitos tratam-no como bicho a ser domado. A primeira razão da servidão voluntária é o HÁBITO. Por hábito, somos ensinados a servir, nos escravizamos. É o costume que, à medida em que o tempo passa, nos leva não somente a engolir, pacientemente, os sapos venenosos da escravidão, mas até mesmo a desejá-lo. Sendo assim, de se nascer servo e ser criado na servidão decorre naturalmente a segunda razão da servidão voluntária: a COVARDIA! Sob a tirania (mesmo que disfarçada), necessariamente os homens se acovardam, se escravizam. Discorrendo sobre a terceira razão da servidão voluntária, a PARTICIPAÇÃO NA TIRANIA, La Boétie aponta quem são os interesseiros que se deixam seduzir pelo esplendor dos tesouros públicos sob a guarda do tirano, os que, em conluio, garantem e asseguram seu poder.
É um trecho relativamente extenso, mas muito auto-explicativo. Por isso, deixo a cada um entregue às suas próprias conclusões e reflexões...