segunda-feira, 29 de abril de 2013

DIA DO TRABALHO




Quando era criança, muitas vezes ouvi a pergunta:
“- Andréia, o que tu queres ser quando crescer?”
Infalivelmente, eu respondia:
“- Professora! E trabalhar num escritório e fazer faculdade”
O tempo revelou que cumpri os três desejos.
Ao longo da vida, porém, outras profissões se desenhariam interessantes para mim. Na hora de prestar vestibular, tive dificuldades em escolher.
Mas, mesmo aquelas que não requeiram curso superior, são igualmente atraentes.
Amo escrever e já pensei com seriedade em fazer jornalismo. Adoro fotografia, mas trato como hobbye. Gosto de medicina, mas queria ser cirurgiã ou trabalhar num pronto socorro, nada de consultório. Há tantas coisas pra se fazer nesta vida que, fazer apenas uma coisa, me parece massacrante.
Escolhi a Psicologia. Infelizmente, ainda não atuo na minha profissão, mas é um projeto.



A diferença entre ter um emprego e uma profissão, pra mim, faz toda a diferença.
Mas, maior ainda é a diferença, a distância, entre se fazer o que se precisa, o que se é pago pra fazer e o que se gosta, o que se quer. Dá pra conciliar os dois, mas raramente isso acontece. A maioria das pessoas faz o que tem que ser feito e aí reside a insatisfação.
Hoje assisti uma matéria no jornal da TV sobre o dia do trabalho. Nela, pessoas que fazem 'bicos' pra sobreviver e se dizem satisfeitas com o que fazem. Era um vendedor de pão em domicílio, um vendedor de caldo de cana e uma pipoqueira. Todos afirmavam que estavam satisfeitos com seus empregos informais, um emprego que complementava a renda, e achei interessante que eles dissessem que não trocavam a liberdade das ruas pelo confinamento de um escritório.




Talvez isso me tenha chamado mais a atenção por que fico imaginando como deve ser não ter horário pra cumprir, como deve ser estar num ambiente aberto, amplo, como a rua, em movimento constante, se relacionando com pessoas desconhecidas o tempo todo. Desconheço essa forma de trabalho, nunca vivi isso, mas penso que deve ter um diferencial, principalmente por que a pessoa é dona de seu próprio negócio. Claro que a inconstância justamente do tempo, da renda, são motivos pra preocupação, mas acredito que as pessoas se adaptem. Muitos nem tiveram escolha, precisaram fazer algo pra sobreviver, mas trabalhar no que se gosta, faz com que aquilo não seja encarado como um trabalho. Seja o que for que a pessoa faça na vida pra ter o seu sustento, se ela quer fazer aquilo, se ela gosta, todas as dificuldades são encaradas com otimismo, bom humor e perseverança.
Diferentemente de alguém que se sinta 'preso' ao trabalho, atrelado a uma situação da qual não consegue escapar. Isso é uma tortura. Medieval.




As relações no trabalho são, pelo menos pra mim, tremendamente importantes.
É ali que passamos grande parte do nosso dia, as horas mais ricas e produtivas. E parte também de nossa vida.
Como é triste quando não nos afinamos com as pessoas, quando nos sentimos 'diferentes' daquele mundo, quando há uma constante competição, maledicência, jogos, poder, intrigas, arrogância, enfim, tudo que é comum num ambiente de trabalho. Quem nunca conheceu um lugar assim? Ou ouviu falar?
Mas, o inverso também é verdadeiro, pois, mesclado a isso, muitas vezes temos amigos sinceros e verdadeiros, temos brincadeiras saudáveis, a divisão do lanche, muitas trocas de experiências, confidências, quase nos sentimos dentro de uma família.
Ali, naquele ambiente, não se trata mais dos objetivos de trabalho a cumprir, mas de relacionamentos.
E são eles que fazem com que um trabalho se torne massante, opressivo ou lúdico, divertido.
Tudo depende da ótica com que percebemos as coisas ou da forma como estamos inseridos naquele contexto.
Pode ser um céu ou um inferno.
As pessoas precisam trabalhar, seja para seu próprio sustento ou da família, mas principalmente por que o trabalho nos traz segurança (emocional, financeira, etc.), nos dá sanidade, dignifica, enobrece (alguém já disse isso) e nos faz sentir úteis.
Houve uma época que trabalhar era considerado uma atividade inferior, que apenas os necessitados o faziam. Ainda bem que esse conceito mudou, mas há aqueles que exagerem e se matem de trabalhar 'workaholic' e aqueles que continuam achando que 'devagar se vai ao longe'...
De uma forma ou de outra, vamos lembrar, nesse Dia do Trabalho que, mesmo insatisfeitos com nosso trabalho atual, ainda assim é sempre melhor estar empregado do que na sua busca.