quinta-feira, 12 de abril de 2012

MINHA SAGA



Escrevi um livro. Isso mesmo! Um li-vro!
Por sempre ter gostado de escrever, sabia que naturalmente esse dia chegaria. Mas teve um empurrãozinho. Minha amiga Rogéria, que foi minha madrinha no trabalho e na educação de minha mediunidade, também colaborou para que eu escrevesse o tal livro. Ela me pedia um romance, dizia que eu tinha jeito, sempre me incentivando. Além dela, outras pessoas também falaram sobre isso, mas mais discretamente.
Eu queria mesmo escrever, mas adiava por que queria ter 'a inspiração' para uma história interessante, algo atraente. Não queria o lugar-comum, mas não tinha ideia do que queria.
Um dia, estava 'aberta' para idéias e elas surgiram. Estava vendo TV e uma frase surgiu na minha mente: “Ela dobrou a esquina e apressou o passo, pois a chuva não demoraria a cair.” Ponto. Assim mesmo: uma frase inteira e, sem saber de onde ou para onde, anotei. Normalmente confio na memória para minhas idéias, mas desta vez senti necessidade de anotar. Não sabia ainda o que faria com essa frase, mas anotei.


E, um ou dois dias depois, a partir dela, escrevi o romance.
Tenho consciência de que 'inventei' tudo, mas em alguns trechos fui livremente inspirada e tenho certeza disso.
De qualquer modo, foi uma delícia e um tormento escrever. Não sou uma escritora profissional, que só faça isso o dia inteiro. Tenho minha vida própria além da escrita, além dos livros, e ela continua.
Me sentia impelida a escrever, mas muitas vezes as idéias jorravam em momentos impróprios, como antes de adormecer ou em lugares em que não poderia pô-las no papel.
Outras vezes, sentada diante do computador, não sabia o que fazer com os personagens. Sentia que toda 'aquela gente' dependia de mim e estavam esperando um desfecho para suas vidas imaginárias.
Me apeguei a alguns personagens, como se fossem reais, e até sinto saudades deles em alguns momentos hoje. Piração? Talvez. Mas é divertido também. A delícia reside aí, em criar, em dar rumo aos personagens, ao invés de apenas acompanhar, como faço quando estou lendo.

Havia dias em que escrevia trechos inteiros, completamente envolvida, e até esquecida de onde estava, de ser uma pessoa, de ter um corpo, apenas vivenciando aquilo tudo, como se estivesse realmente lá, como observadora e, ao mesmo tempo, mentora de tudo aquilo.
É uma experiência maravilhosa essa da escrita, mas também tormentosa, justamente por não sabermos, em muitos momentos, que rumo dar, como aquilo irá terminar, aonde queremos chegar. Com o tempo, vamos ficando mais calmos e delineamos um rumo, mas até chegar a esse momento...
Sempre que acabava o 'serviço' de escrever daquele dia, enviava para algumas pessoas e minha amiga Rogéria SEMPRE dava retorno, acreditando em mim, curiosa para saber o que aconteceria no momento seguinte e chegou a me dizer que era uma tortura passar por isso, pela espera. Realmente essa participação dela foi decisiva para que o livro tivesse início, meio e fim.
Bem, o livro foi escrito e colocar a palavra FIM encerra muitas emoções.
É a sensação de dever cumprido, de satisfação por ter chegado a termo, por ter conseguido. Mas, ao mesmo tempo, se sente uma certa nostalgia por não ter mais aquela tarefa, por não 'encontrar' mais diariamente com aqueles personagens, por não ter mais um objetivo.
É mais ou menos o que a gente sente quando lê um bom livro, daqueles bem grossos, ou quando se assiste uma novela de que gostamos muito.
Bem, e agora? Um próximo livro?
Certamente que virá. Mas deixemos a inspiração chegar. Preciso descansar também, pois esse 'compromisso' que me impus, é um pouco pesado.
Não tinha a pretensão de publicá-lo, mas...
Achei que ficou muito bom. Sem falsa modéstia. Como disse, à medida que escrevia, repassava para minha mentora encarnada, Rogéria, e para outras pessoas que estimo e que gostaria de ter a opinião. Poucas pessoas, na verdade. Aqueles para quem mandei e não me atualizaram com comentários, não continuei a mandar.
Gostei do livro e achei que deveria, então, mandar para alguma editora, embora saiba que não é fácil publicar um.
Não tenho nem vaidade, nem ambição com relação a isso e acho que nunca faria uma noite de autógrafos, por exemplo, se o editor não me obrigasse. Tenho vergonha.


Mas tenho a satisfação de tê-lo escrito e gostaria de dividir isso pelo menos com meus amigos e familiares. Se pessoas estranhas o lessem, me daria a satisfação de saber que realmente ficou bom, ao ponto de que quem não me conhece também se interessar em ler. Só isso.
Todo esse trabalho apenas para dividir com alguns. Não queria nada além disso, por que o prazer maior está em fazer, em escrever e em saber que posso.
Como dizia lá no alto, achei que ficou interessante o suficiente para mandar para uma editora.
Escrevi para uma cujos livros leio com frequência e recebi a informação de que deveria mandá-lo para que o analisassem.
Que boa notícia!
Depois, um pouco impaciente, embora nem tivesse passado uma semana, resolvi escrever para outras editoras também. E fiquei chocada com esse meio.
Não sabia como são 'dinheiristas', 'secos', e que lutam encarniçadamente pelas coisas e ainda tratam o autor como 'mais um' (meio óbvio isso, mas tudo bem), como se eles estivessem fazendo um favor para o autor! Incrível!
Tem uma editora, muito conhecida, que tem até manual, mas o manual é de chorar! Quem o escreveu pode ter mostrado o caminho das pedras, pode ter sido bem realista, mas também escreve de maneira muito crua, muito grosseira até, eu diria. Ele deixa a gente deprimida.
Se eu tivesse sérias aspirações em me tornar uma autora 'profissional', alguém reconhecido, teria que ter muita autoestima, muita confiança no próprio taco para seguir adiante, por que não é fácil, não. Além disso, eu categorizaria os livros deles como 'bonzinhos', mas nada demais, para eles tratarem uma pessoa daquele jeito. Inclusive, incluem um questionário no fim do tal manual, que me fez sentir alguém da época da ditadura do tipo 'tortura nunca mais!' Sabe? Parecia que eu tinha feito algo errado!
E isso era o manual, para qualquer um ler, não era dirigido à mim, mas me deixou assim. Pobres autores novatos...
Outra editora respondeu ao meu mail assim, simplesmente: Sobre o que trata o seu livro? Sabe quantas folhas dá no word?
Sem cumprimentar, sem se despedir, sem assinar. Não sei quem me perguntou isso, apenas que é daquela editora. E uma editora reconhecida no mercado!
Eles querem ser práticos, objetivos e devem receber centenas de porcarias por dia, mas não sabem diferenciar uma pessoa da outra e que isso é realmente um negócio. E eu sou uma cliente!
É uma transação que pode não dar em nada, mas pode ser vantajosa para ambos. Eu posso ser uma autora conhecida algum dia. Quem pode dizer que não? (Sinceramente, cá entre nós, acho que não MESMO), mas de onde vieram os autores que conhecemos? Do anonimato!
Apenas a primeira editora foi educada, simpática e me deixou tranquila, do tipo 'se der, deu.'
Vou aguardar resposta das outras editoras, mas sem pressa, sem expectativas. Quero até me esquecer disso, que é para não ficar ansiosa. Na verdade, já estou pensando no próximo livro e, se não for publicado, não tem importância.
Só quis deixar registrado aqui todo esse processo e do quanto me surpreendi com o meio, principalmente por meu livro ter a temática espírita e, supostamente, os editores desse tipo de livros, também o serem. É decepcionante lidar com isso.



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