quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ROTINAS




Acredito que a maioria de nós tenha rotinas. Principalmente quem trabalha fora e precisa dela pra se organizar. Quem fica em casa também, por que senão as coisas desandam, viram um caos.
Mas, Meu Deus, como a rotina pode ser benéfica e massacrante ao mesmo tempo! Nossa!
Já viu o filme Feitiço do Tempo? É um filme com Bill Murray, mas que está sempre repetindo (um paradoxo isso, não?). Abaixo, a sinopse comentada:
Um evento inexplicável mantém um repórter especializado em meteorologia vivendo sempre o mesmo dia. À primeira vista, “Feitiço do Tempo” (Groundhog Day, EUA, 1993) é apenas uma simpática e despretensiosa comédia com um pequeno toque de realismo fantástico, na tradição de obras como “A Felicidade Não se Compra”. O filme de Harold Ramis funciona perfeitamente nesse nível elementar, mas é também uma parábola sobre crescimento e maturidade. Em resumo, o filme funciona como uma fábula sobre como alguém pode aprender a utilizar em proveito próprio as dificuldades da vida, usando-as para se tornar uma pessoa melhor.”
Ou seja, embora os eventos se repitam, todos os dias ele tem a oportunidade de mudar as coisas, de fazer diferente. Consequentemente, alterando o resultado.


Me peguei nesse Feitiço do Tempo inúmeras vezes, mas ultimamente chega a ser surreal.
Semana passada, estava indo trabalhar e, em determinado ponto da minha rua, vem outro carro na direção contrária. Ao passar por mim, olho para o interior e vejo um homem, camiseta branca, bocejando e se espreguiçando. No dia seguinte, exatamente no mesmo ponto, a cena se repete. Mas era tudo igual mesmo! Até a mesma camiseta branca, o mesmo jeito de se esticar, tudo! Por um segundo fiquei desnorteada, sem saber que dia era.

Quando estaciono meu carro, próximo ao trabalho, encontro uma moça, que sai do prédio em frente, atrasada para pegar um ônibus. Outro dia, vi o motorista parar fora do ponto, pois ela se atrasou mais do que o normal (ou ele se adiantou, não sei). E TODOS (!) os dias, é aquela correria dela pra pegar o ônibus.
Ao passar por outra moça que leva o cachorro pra passear, TODOS os dias, quando me aproximo, ele está lá, fazendo xixi na mesma árvore, no mesmo horário.
Tem também a moça que sai da garagem (com dificuldade, pois é estreita), quando eu me aproximo e vai na contramão por um pedacinho da rua até chegar a um estacionamento e sair pela rua em frente (todos os dias ela tem a rotina de cometer a mesma infração).
As rotinas nos fazem bem quando dão segurança, mantendo nossa organização, garantindo que tudo saia como o planejado. E só.
No mais, a rotina empobrece nosso dia, pois o faz sempre igual, com pequenas alterações.
Não gosto desse comportamento maquinal, de esteira de fábrica, que é só repetição (aliás, seria o último lugar para eu trabalhar, por que não suportaria aquela mecanização do ser humano. Passaria o dia inventando um jeito de fazer as coisas diferentes, mais fácil, para mim e para os outros).

A rotina pode ser conveniente. Todos os dias ao ir para o trabalho passo pela mesma rua para entrar em outra. Embora tenha mais três opções de rua de atalho, mas essa facilita, por que é mais curta e não tem morros, como as outras. Mas fico enjoada de fazer aquele trajeto, tenho vontade de mudar.
Preciso sair sempre no mesmo horário, em virtude do trânsito, e isso também me cansa.

Ao mesmo tempo que a rotina dá segurança e conforto, ela me faz sentir refém. Preciso constantemente de estímulos e me sinto dividida entre me sentir segura ou estimulada. Gosto de novidades, fico mais alerta, os olhos mais abertos, a expressão mais alegre e, por isso, a rotina me deixa estressada. Gosto de tentar me adaptar ao novo, de ver como funciona, me encanto. Ao mesmo tempo, quando faço algo fora da rotina no meu dia, fico muito ansiosa até chegar o momento da mudança. Basta uma consulta médica, por exemplo. Passo o dia inteiro tentando planejar o passo-a-passo para que tudo dê certo. Ao mesmo tempo, se compro algo novo, principalmente eletrônico, quero saber como funciona e gosto de aprender sozinha, sem os manuais. Vibro a cada descoberta. Também gosto da coisa inesperada, do tipo “hoje a aula será diferente”.
Tem pessoas que são mais rígidas e não gostam da mudança na rotina por perderem o controle da situação e também pelo estímulo, pela novidade, que as incomoda. Têm dificuldades na adaptação.
Um local perfeito para esse teste é o de trabalho. A maioria resiste às mudanças, não se adapta e diz: “por que antes era assim...” Há a necessidade de um psicólogo organizacional para isso, para as transições, a fim de que as coisas e pessoas mudem gradualmente, gerando menos estresse e inconformismo (e até mais produtividade).
E aí? Preparado(a)? O que vamos fazer fora da rotina hoje?




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