terça-feira, 24 de abril de 2012

ONDE ESTÃO NOSSOS VALORES?


Acordei hoje pensando em todas as notícias com que sou bombardeada diariamente, na maioria das vezes logo cedo, ao assistir ao jornal matinal.
Bem, vejamos, então: “Paul McCartney chega ao Estado de Santa Catarina. No hotel, de roupão, ele vai à piscina.”
E daí?
Mas é Paul McCartney!! (Sir Paul McCartney, na verdade).
Sim, é daí?
Compreendo que as celebridades e os ídolos (são departamentos diferentes), causem comoção, que as pessoas os idolatrem (ídolo), os adorem, mas, sinceramente tenho dificuldades em aceitar isso.
Sempre quis ter ídolos durante minha juventude, mas não consegui. O mais perto que cheguei disso foi com Os Menudos (na verdade, eu ia na onda das minhas amigas adolescentes - 15 anos - que realmente os adoravam). Eu queria ter um ídolo e, por isso, adotei o delas. Mas nunca senti de verdade essa adoração, essa empolgação que as pessoas sentem. Nem sei por que.
Gosto do Paul McCarntney, como sempre gostei das músicas dos Beatles também. Mas é só. Tem diversos cantores, atores, artistas em geral, que eu gosto do trabalho, acho talentosos, mas não consigo endeusá-los.
Talvez, por tudo isso, eu ache difícil entender (e até aceitar) que uma pessoa tenha esse status de 'deus' para as pessoas.
Nosso Estado não tem policiamento, são assaltos todos os dias, diversas ocorrências, mas no show do Paul haverá 500 policiais disponíveis! O batalhão do Bope está guardando o resort em que ele está hospedado! Sinceramente, não entendo.
Além disso, se ouvirmos Paul cantando hoje, ele, que nunca teve uma excelente voz, agora tem a voz de um senhor (e de um senhor que não se cuidou, abusando de bebidas e outras drogas). É uma voz trêmula, meio rouca, meio desafinada. Mas as pessoas relevam isso em nome do que ele sempre representou para a música.


Ronaldo, o ex-'fênomeno', também é endeusado, mesmo tendo largado o futebol, mesmo estando completamente fora de forma, não sendo mais um atleta. Ele até se dispôs a ser presidente da CBF no lugar do Ricardo Teixeira, quando este deixou o cargo. Naturalmente se baseou apenas na sua popularidade, como tantos outros. Assim, temos o Rei Roberto Carlos, o Rei Pelé, o Rei de Roma (Falcão), o Imperador Adriano, a Rainha dos Baixinhos (Xuxa), a Rainha do Axé (Daniela Mercury), o Rei do Baião (Luiz Gonzaga) , o Rei do Pop (Michael Jackson) e por aí vai...( é muita realeza, não?)
Hoje li, estupidificada, que um menino de 4 anos ( isso mesmo, 4 !) na Arábia Saudita, matou o pai com uma pistola, por que ele se recusou a dar-lhe um play station, um vídeo game!
Ontem, foi um menino de 12 (!) anos que dirigia um caminhão de carga na BR 101, com a anuência do pai, que ia num carro de passeio na frente, junto com o dono da carga (ou do caminhão, não sei). O pai ainda disse que “o menino está acostumado, não é a primeira vez”.
Também me surpreendo com a excessiva valorização que as pessoas dão ao corpo, como tudo gira em torno disso. Para mim um corpo deve ser bonito, harmônico, mas principalmente saudável.
A mesma coisa com o que se veste. Ouvi colegas comentando outro dia sobre um desfile que tem anualmente num shopping de nossa cidade e do que 'está na moda', do que se irá usar neste inverno.
E daí?
Acho que a gente escolhe uma roupa de acordo com nosso gosto, do que nos fica bem, pela cor, se é confortável, bonito. Pronto! Por que devo achar interessante usar algo que 'todos estão usando' ? Qual a graça disto?
Só posso imaginar que tenha a ver com aceitação, com a necessidade que o ser humano tem de se sentir aceito por seus pares.
Penso que todos os anos temos greve na educação, já mais ou menos como uma data do calendário oficial. Lembrei que Lula não estudou e, por isso mesmo, deveria ter priorizado isso, sabendo das dificuldades que a população enfrenta. Ao mesmo tempo, lembrei do Fernando Henrique, tão culto, estudou tanto e não conseguiu dar um impulso na educação como deveria.
O que faltou? Acho que não é mesmo interessante para os políticos que o povo se instrua.
A saúde é outro caos. Não consigo ver as pessoas precisando de cirurgias, de atendimento urgente e esperando em macas ou mesmo sendo mandados embora, por falta de médicos, de medicamentos...
Fico pensando em tudo isso, e talvez entenda por que a Terra ainda seja um planeta de provas e expiações, como nos afirma o espiritismo...


quinta-feira, 12 de abril de 2012

MINHA SAGA



Escrevi um livro. Isso mesmo! Um li-vro!
Por sempre ter gostado de escrever, sabia que naturalmente esse dia chegaria. Mas teve um empurrãozinho. Minha amiga Rogéria, que foi minha madrinha no trabalho e na educação de minha mediunidade, também colaborou para que eu escrevesse o tal livro. Ela me pedia um romance, dizia que eu tinha jeito, sempre me incentivando. Além dela, outras pessoas também falaram sobre isso, mas mais discretamente.
Eu queria mesmo escrever, mas adiava por que queria ter 'a inspiração' para uma história interessante, algo atraente. Não queria o lugar-comum, mas não tinha ideia do que queria.
Um dia, estava 'aberta' para idéias e elas surgiram. Estava vendo TV e uma frase surgiu na minha mente: “Ela dobrou a esquina e apressou o passo, pois a chuva não demoraria a cair.” Ponto. Assim mesmo: uma frase inteira e, sem saber de onde ou para onde, anotei. Normalmente confio na memória para minhas idéias, mas desta vez senti necessidade de anotar. Não sabia ainda o que faria com essa frase, mas anotei.


E, um ou dois dias depois, a partir dela, escrevi o romance.
Tenho consciência de que 'inventei' tudo, mas em alguns trechos fui livremente inspirada e tenho certeza disso.
De qualquer modo, foi uma delícia e um tormento escrever. Não sou uma escritora profissional, que só faça isso o dia inteiro. Tenho minha vida própria além da escrita, além dos livros, e ela continua.
Me sentia impelida a escrever, mas muitas vezes as idéias jorravam em momentos impróprios, como antes de adormecer ou em lugares em que não poderia pô-las no papel.
Outras vezes, sentada diante do computador, não sabia o que fazer com os personagens. Sentia que toda 'aquela gente' dependia de mim e estavam esperando um desfecho para suas vidas imaginárias.
Me apeguei a alguns personagens, como se fossem reais, e até sinto saudades deles em alguns momentos hoje. Piração? Talvez. Mas é divertido também. A delícia reside aí, em criar, em dar rumo aos personagens, ao invés de apenas acompanhar, como faço quando estou lendo.

Havia dias em que escrevia trechos inteiros, completamente envolvida, e até esquecida de onde estava, de ser uma pessoa, de ter um corpo, apenas vivenciando aquilo tudo, como se estivesse realmente lá, como observadora e, ao mesmo tempo, mentora de tudo aquilo.
É uma experiência maravilhosa essa da escrita, mas também tormentosa, justamente por não sabermos, em muitos momentos, que rumo dar, como aquilo irá terminar, aonde queremos chegar. Com o tempo, vamos ficando mais calmos e delineamos um rumo, mas até chegar a esse momento...
Sempre que acabava o 'serviço' de escrever daquele dia, enviava para algumas pessoas e minha amiga Rogéria SEMPRE dava retorno, acreditando em mim, curiosa para saber o que aconteceria no momento seguinte e chegou a me dizer que era uma tortura passar por isso, pela espera. Realmente essa participação dela foi decisiva para que o livro tivesse início, meio e fim.
Bem, o livro foi escrito e colocar a palavra FIM encerra muitas emoções.
É a sensação de dever cumprido, de satisfação por ter chegado a termo, por ter conseguido. Mas, ao mesmo tempo, se sente uma certa nostalgia por não ter mais aquela tarefa, por não 'encontrar' mais diariamente com aqueles personagens, por não ter mais um objetivo.
É mais ou menos o que a gente sente quando lê um bom livro, daqueles bem grossos, ou quando se assiste uma novela de que gostamos muito.
Bem, e agora? Um próximo livro?
Certamente que virá. Mas deixemos a inspiração chegar. Preciso descansar também, pois esse 'compromisso' que me impus, é um pouco pesado.
Não tinha a pretensão de publicá-lo, mas...
Achei que ficou muito bom. Sem falsa modéstia. Como disse, à medida que escrevia, repassava para minha mentora encarnada, Rogéria, e para outras pessoas que estimo e que gostaria de ter a opinião. Poucas pessoas, na verdade. Aqueles para quem mandei e não me atualizaram com comentários, não continuei a mandar.
Gostei do livro e achei que deveria, então, mandar para alguma editora, embora saiba que não é fácil publicar um.
Não tenho nem vaidade, nem ambição com relação a isso e acho que nunca faria uma noite de autógrafos, por exemplo, se o editor não me obrigasse. Tenho vergonha.


Mas tenho a satisfação de tê-lo escrito e gostaria de dividir isso pelo menos com meus amigos e familiares. Se pessoas estranhas o lessem, me daria a satisfação de saber que realmente ficou bom, ao ponto de que quem não me conhece também se interessar em ler. Só isso.
Todo esse trabalho apenas para dividir com alguns. Não queria nada além disso, por que o prazer maior está em fazer, em escrever e em saber que posso.
Como dizia lá no alto, achei que ficou interessante o suficiente para mandar para uma editora.
Escrevi para uma cujos livros leio com frequência e recebi a informação de que deveria mandá-lo para que o analisassem.
Que boa notícia!
Depois, um pouco impaciente, embora nem tivesse passado uma semana, resolvi escrever para outras editoras também. E fiquei chocada com esse meio.
Não sabia como são 'dinheiristas', 'secos', e que lutam encarniçadamente pelas coisas e ainda tratam o autor como 'mais um' (meio óbvio isso, mas tudo bem), como se eles estivessem fazendo um favor para o autor! Incrível!
Tem uma editora, muito conhecida, que tem até manual, mas o manual é de chorar! Quem o escreveu pode ter mostrado o caminho das pedras, pode ter sido bem realista, mas também escreve de maneira muito crua, muito grosseira até, eu diria. Ele deixa a gente deprimida.
Se eu tivesse sérias aspirações em me tornar uma autora 'profissional', alguém reconhecido, teria que ter muita autoestima, muita confiança no próprio taco para seguir adiante, por que não é fácil, não. Além disso, eu categorizaria os livros deles como 'bonzinhos', mas nada demais, para eles tratarem uma pessoa daquele jeito. Inclusive, incluem um questionário no fim do tal manual, que me fez sentir alguém da época da ditadura do tipo 'tortura nunca mais!' Sabe? Parecia que eu tinha feito algo errado!
E isso era o manual, para qualquer um ler, não era dirigido à mim, mas me deixou assim. Pobres autores novatos...
Outra editora respondeu ao meu mail assim, simplesmente: Sobre o que trata o seu livro? Sabe quantas folhas dá no word?
Sem cumprimentar, sem se despedir, sem assinar. Não sei quem me perguntou isso, apenas que é daquela editora. E uma editora reconhecida no mercado!
Eles querem ser práticos, objetivos e devem receber centenas de porcarias por dia, mas não sabem diferenciar uma pessoa da outra e que isso é realmente um negócio. E eu sou uma cliente!
É uma transação que pode não dar em nada, mas pode ser vantajosa para ambos. Eu posso ser uma autora conhecida algum dia. Quem pode dizer que não? (Sinceramente, cá entre nós, acho que não MESMO), mas de onde vieram os autores que conhecemos? Do anonimato!
Apenas a primeira editora foi educada, simpática e me deixou tranquila, do tipo 'se der, deu.'
Vou aguardar resposta das outras editoras, mas sem pressa, sem expectativas. Quero até me esquecer disso, que é para não ficar ansiosa. Na verdade, já estou pensando no próximo livro e, se não for publicado, não tem importância.
Só quis deixar registrado aqui todo esse processo e do quanto me surpreendi com o meio, principalmente por meu livro ter a temática espírita e, supostamente, os editores desse tipo de livros, também o serem. É decepcionante lidar com isso.



segunda-feira, 2 de abril de 2012

A PESSOA COMO É E A PESSOA QUE NÓS QUEREMOS QUE SEJA


Tenho um defeito que se tornou um verdadeiro estorvo para mim. Sempre tento transformar as pessoas em como eu gostaria que elas fossem. Por exemplo: vejo que uma amiga é falsa, passa rasteira nos outros, mas tenho a ilusão de que, comigo, é ela é amiga sincera. Mas não é e, cedo ou tarde, percebo isso. Isso tem sido assim durante toda minha vida. Não acredito no que meus sentidos, minha intuição me dizem. Prefiro acreditar que a pessoa só é assim, por que a vida a fez assim, mas se eu mostrar a ela que pode ser diferente, se eu for sincera com ela, quem sabe ela veja que pode ser sincera comigo também, que não há necessidade de defesa.
Não é o que acontece e 'n' vezes já me dei mal por isso. Aí, fico chocada com o comportamento da víbora, da cobra criada por mim mesma.
Em terapia, tentei trabalhar isso e a psicóloga me disse que eu espero muito das pessoas, tenho um nível de exigência muito elevado, crio muitas expectativas. Talvez seja isso mesmo.
E é prepotente da minha parte achar que posso mudar alguém, mas, na verdade, há boa intenção nisso. O que quero é que a pessoa veja que, se no passado ela foi magoada, há pessoas que não tem por que passar a perna nela, puxar o tapete, essas coisas. Há pessoas que se entregam a uma amizade, sem querer nada em troca. Há pessoas que fazem um elogio por que ele é real, que acha que a pessoa deve ter conhecimento do que tem de bom, de que está usando algo bonito, essas coisas. Mas essas pessoas são desconfiadas e 'interpretam' o que a gente diz, muitas vezes distorcendo. Acho que o pior tipo de amizade é aquela que 'mina' (como já ouvi alguém dizer e achei a expressão adequada) o que a gente diz ou faz, desqualificando, distorcendo e muitas vezes, fazendo os outros criarem uma imagem nossa que não é a verdadeira. Quando percebemos isso, como desfazer, sem parecer que estamos nos justificando?


Naturalmente, que isso não é amizade. Mas eu insisto, por que gosto de outras coisas na pessoa e não gosto de viver desconfiada. Uma vez, fiquei chocada quando vi duas pessoas se cumprimentarem, fazerem gracejos uma com a outra e, depois, a que estava comigo, falar mal da outra. E ainda completar que aquela relação era tudo de aparência! Por que, então? Para quê, melhor dizendo! É medo de expor seus sentimentos? Medo da rejeição, de se mostrarem como são? Para poderem conviver? Para mim, não faz sentido.
Se não gosto de alguém, seja por que motivo for, simplesmente ignoro a pessoa. Não tenho por que sorrir para ela, tratá-la bem, como se nada houvesse. Sou educada, até cumprimento, mas friamente. Só. Para que complicar? Acho que fingir que gosto dela é um desgaste tão grande para minha saúde, que não vale a pena. Nem tenho nenhum objetivo com isso, de mostrar algo que não sinto. Então, para quê?
Mas assisto o tempo todo essa vida de relações das pessoas, do quanto fingem que gostam umas das outras e, logo em seguida, mostram o contrário, seja com palavras ou atitudes.
Não gosto de ver isso nem em novela! E tem pessoas que acham divertido ver uma personagem mostrar-se inocente e logo em seguida, mostrar a verdadeira face, maquiavélica. Acho repugnante, sinceramente.
Tem pessoas que aceitam isso bem, que vêem a falsidade alheia, mas não se incomodam, apenas desviam. Sabem se defender e não se chocam com o que o outro é capaz de fazer. Acho que uma boa maioria das pessoas é assim, mas não consigo ser. Me entristeço quando percebo que a pessoa que se diz minha amiga acha que estou sendo falsa, fingindo algo que não sinto. Definitivamente, ela não me conhece.
Não é que eu não veja, mas não quero acreditar no que eu estou vendo. Talvez por isso, minta para mim mesma. Gostaria de aceitar as pessoas como elas são, com esses defeitos e tudo o mais.


Não me sinto superior por querer mudar alguém, mas é que acredito, piamente, que com aquela pessoa será diferente! Que aquela pessoa só é assim, por que não conheceu o outro lado. Que dentro daquela pessoa reside alguém sensível, que se endureceu por que a vida o transformou assim. Que aprendeu a dar o tapa, antes de apanhar. Mas, infelizmente, com o tempo acabo percebendo que, na verdade, eu é que fui a ingênua em ter acreditado nisso.
Jesus já dizia: sê manso como as pombas e prudente como as serpentes. Se até Ele, o Mestre, já sabia disso naquela época, que dirá eu! Acho que nunca vou aprender mesmo...
O que acontece é que as pessoas são como são, com suas qualidades e defeitos e precisamos aceitar isso. Não adianta achar que elas mudarão, apenas por que nós queremos, por que não mudam. Nem mesmo com exemplos. Nem eu devo esperar tanto delas. Precisa vir de dentro.
Talvez não seja eu a ensinar, mesmo por que como professora, estou me mostrando um verdadeiro fracasso. Mas, quem sabe, eu tenha que aprender, então, a lidar com isso.
Não é fácil, mas tijolinho por tijolinho, a gente chega lá! Basta querer!