terça-feira, 20 de março de 2012

PARADOXOS



Os paradoxos me atraem. Sempre me atraíram.
Adoro contrastes. Muitas vezes eles são exatamente isso: controversos, mas ainda assim fazem sentido. Parece paradoxal o que estou dizendo? Mas é!
E gosto das redundâncias também. Acho engraçado. Sempre corrijo, mas continuo achando engraçado.
Vou dar um exemplo: tem um comercial de inseticida que o mote é “Blablabla”, mata bem morto!
Não é um paradoxo isso? Uma coisa está ou não está morta. Não existe isso de ' bem morto' (nem menos morto). Mas entendemos o que eles querem dizer. Muitos inseticidas apenas deixam o inseto, geralmente baratas, um pouco tontos, paralisados, mas daqui a pouco passa o efeito, eles levantam e saem correndo! Esse bem morto que querem se referir é matar de uma vez só. Não é paradoxal dizer isso também, 'matar de uma vez só'? Todas as vezes que passa esse comercial eu dou um sorrisinho de canto de boca, divertido, e repito o mote deles “ mata bem morto”. É inevitável!
Uma vez estava chegando numa casa noturna e percebi que não tinha ninguém lá fora, parecia fechada. Estava com uma amiga e abordamos um senhor que vinha logo atrás, perguntando o óbvio, se a boate esta fechada. O que queríamos, na verdade, era saber detalhes. Queríamos uma confirmação do que estávamos vendo e o por quê. Ele era português e respondeu o óbvio também: “Se não estare aberto, é porque estare fichado!” Agradecemos, mas achamos muito engraçada essa resposta. Depois vim a saber que os portugueses falam e entendem tudo ao pé da letra.


Acho que o que gosto nos paradoxos é o inusitado, a impossibilidade que se torna real. O interessante nas contradições é que elas existem muitas vezes até mesmo inconscientemente. As vezes dizemos uma coisa e fazemos o contrário. Parece uma contradição, mas de algum modo aquilo faz sentido só pra nós. Muitas vezes parecemos hipócritas aos olhos dos outros, mas só nós entendemos que naquele caso é diferente. Há os gosto inusitados como feijão com manga. Alguém come isso? Não sei, mas eu não como. Certamente, há alguém que goste. O contraditório, o inusitado, o diferente, podem ser paradoxais. Até mesmo as manias. Alguém aqui, por exemplo, liga o ventilador, o ar condicionado e dorme com edredom? Eu faço isso. E parece perfeitamente normal pra mim. Só quando as pessoas se espantam é que percebo que nem todo mundo faz isso...Isso é uma mania, mas soa aos ouvidos alheios como uma coisa paradoxal. Afinal, se estou com tanto calor ao ponto de ligar o ar e o ventilador ao mesmo tempo, como posso usar o edredom?! Mas pra mim tem lógica, por que depois de um tempo o quarto fica frio e eu adoro frio. Chamo de uma 'mini reprodução do inverno' o que faço. Mas as pessoas não conseguem fazer este meu raciocínio truncado, naturalmente. Gosto de pratos doces e salgados ao mesmo tempo, tipo salpicão. Acrescentar uma fatia de abacaxi ao prato principal acho uma delícia! Salada de batata (nossa maionese) com passas, abacaxi e maçã, não é tudo de bom? Mas nem todo mundo acha isso. E isso já é paradoxal, essas diferenças. Não é engraçado quando a pessoa tá de dieta, pede uma fatia de bolo de chocolate, ou de torta, beeeeeem calórica e, pra acompanhar, um refri diet? Pra quem vê a cena isso não é um paradoxo, um contrassenso? Mas pra quem a está vivendo, deve ter alguma lógica, como a culpa, por exemplo. O refri diet deve minimizar o efeito da torta naquele momento, pelo menos na consciência.
O paradoxal foge a regra. E transgredir, é comigo mesmo!


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