segunda-feira, 23 de julho de 2012

TRÂNSITO – GENTE FOLGADA!




Quando a gente pensa que já viu tudo...

Hoje fui ao banco, a pé. Quando retornava, à alguns metros de mim, na via pública, um fiat uno, preto, parou em cima da pista no lado oposto. Os faróis acesos, uma buzina que tocava insistentemente, fiquei com pena do pobre condutor, por que atrás dele se formava uma imensa fila, devido ao horário. Ainda pensei: “Coitado do homem! O carro deve ter quebrado...Que gente sem paciência! Mas por que ele não liga o pisca-alerta, então? E por que as pessoas não passam pra outra pista?” Ocorre que ele estava no lado em que os carros não podem parar nem um segundo, devido ao fluxo de veículos. Se ainda fosse do meu lado da via, mesmo que num ponto de ônibus, talvez as pessoas fossem mais compreensivas, já que esperam que naquele lado muitos carros possam parar. Quando eu já estava me aproximando do veículo, vi, entre pasma, perplexa e indignada, que quem buzinava era ele e que logo duas mulheres, parecendo evangélicas, com idade entre 50 e 60 anos, entraram, cada uma por vez no carro (pois só tinha duas portas).

Ou seja, ele formou toda aquela fila, parando em cima da via pública no lado esquerdo de uma rua com apenas um sentido, para pegar suas caroneiras e a buzina era para chamá-las! Ele tinha buzinado umas 4 vezes pelo menos. Dá pra então, perceber que não foi rápido. E as mulheres com a maior cara-de-pau, bem lentamente, entraram no carro como se estivessem num estacionamento!!

Eu cheguei a abrir a boca, não acreditando naquilo!

Outro dia, na semana passada, eu era a motorista. No trajeto que fazia para me dirigir ao trabalho, naquele trecho, tinha 3 semáforos, todos abertos. Eis que me deparo com outro motorista, de mais ou menos 20 e poucos anos, parado num deles, querendo fazer uma conversão a esquerda num cruzamento (ou seja, ainda estava no lado oposto da calçada, como o primeiro motorista). Se já não fosse suficiente o sinal estar aberto e ele não poder parar de jeito nenhum, ele ainda queria entrar numa rua que não podia por aquele ângulo, apenas se fizesse um retorno mais na frente ou se estivesse vindo do sentido que cruzaria a nossa pista. Pra finalizar, como o sinal estava aberto no sentido contrário também, pois cada rua era de apenas um sentido, ele teria que esperar o nosso sinal fechar (para o do sentido oposto fechar na mesma hora), as pessoas do cruzamento atravessarem ou então ele se meter na frente de um deles, provavelmente causando um acidente.

Como eu estava logo atrás dele (e preocupada que um desavisado apenas vendo o sinal aberto não notasse que estávamos parados), buzinei e fiz um gesto para o alto, mostrando que ele tinha que seguir por que o sinal estava aberto para nós. Ele apenas me olhou pelo retrovisor externo, fez uma cara de enfado e continuou bem sentadinho no mesmo lugar. Eu me exasperei com a afronta! Buzinei repetidas vezes antes que o sinal fechasse e ainda me encontrasse ali. Por fim, ele conseguiu atravessar antes que o sinal fechasse e eu saí cantando os pneus, extremamente irritada. Segui bufando até meu local de trabalho. Me surpreendi comigo mesma, com a força da minha raiva, mas é que não consigo aceitar uma coisa como esta acontecendo! Quando me fecham no trânsito, não ligo muito, por que estou sempre atenta e consigo evitar alguma coisa, mas em situações como fila dupla e coisas francamente abusivas, liberto meus piores instintos. Ainda bem que não ando armada!

 

Às vezes, a gente também quer fazer coisas que não deve, por que “é só um segundinho”, isso acontece com todo mundo. Mas, nesses casos, acho que realmente é só um segundo e a gente sempre procura tumultuar o mínimo possível, não interrompendo, não interferindo, não bloqueando nada. Eu não ligaria se ele entrasse naquele cruzamento se houvesse condições de o trânsito fluir normalmente, mesmo que ele estivesse errado. Já vi isso centenas de vezes, mas são pessoas que fazem um cálculo bem preciso, percebendo que o carro atrás está distante, que na via oposta não vem ninguém, ou está bem distante. Mesmo que aí resida algum risco, ele é mínimo. Tudo bem! Ele ganha tempo e não atrapalha ninguém. Continua não sendo certo, mas ele está sendo um pouco coerente, por que aquela proibição vale numa situação como a que eu vivi, em que não dá pra fazer isso e por isso, se colocou a sinaleira ali. Mas em situações que dá, sem prejuízo pra ninguém, não me importo. Se ele tiver atenção e agilidade, dá pra cometer pequenas infrações sem riscos.

A questão é que muitas pessoas são extremamente egoístas e, com isso, ficam folgadas. Eles querem se dar bem, não importa a que preço!

Uma vez ouvi a Ana Maria Braga comentar que, no Japão, eles são tão disciplinados que, às 5 horas da manhã, sem vir carro de lado nenhum da via, os pedestres japoneses permanecem parados na sinaleira, aguardando-a abrir para   atravessar. Muito bem, é lindo isso! De uma disciplina ímpar! Eles são educados e precisam da disciplina para que as coisas funcionem, concordo plenamente. Mas não é ser um pouco bitolado também? Vamos ser práticos! Se eu percebo que não há riscos, que conseguiria ver um carro chegando a centenas de metros, que posso atravessar com segurança num caso assim, ainda ter que aguardar inutilmente o sinal abrir?

 

Acho que as leis é que nos dão um pouco de organização, de ordem, para que não vivenciemos o caos, para que se evitem acidentes, mas outra coisa é ser incoerente com a desculpa de ter disciplina.

O cinto de segurança, por exemplo. Acho uma lei pra lá de válida! Muita gente só usa por que pode ser multado se um guarda ver, mas eu uso por que tenho consciência que há riscos, sim, se não usar.

Mesmo em trechos curtos, na minha rua mesmo, NUNCA saio sem cinto. Uma criança, um cachorro, que atravessem de repente podem, sim, me fazer bater com o rosto no parábrisas, ou no volante, e me machucar, mesmo em baixa velocidade. A lei não é só para multar, mas para infringir uma pena para que as pessoas se conscientizem, por que muitos só aprendem quando a situação envolve dinheiro, infelizmente.

Há leis ridículas e esdrúxulas, mas mesmo assim são leis.

 

O que me refiro a seguir a lei é no sentido de me proteger (e aos demais) de acidentes, não por que vou pagar uma taxa por desobedecer. É claro que pesa no bolso, sim, mas acho que devemos nos conscientizar do por quê se fez aquela lei e precisamos segui-la.

É como o aluno que cola numa prova. Não é ao professor que ele está enganando, mas a si mesmo. No entanto, tem coisas que caem em provas que não faz nenhum sentido aprender mesmo, não servirão pra nada.

Acho que gente deve refletir sobre quando a situação exige que se cumpra o que foi determinado e quando se pode transgredir suavemente, se é que existe isso de 'suavemente' numa transgressão.

“DURA LEX, SED LEX...”


 

Um comentário:

  1. Nosso comportamento no transito é o reflexo da educação que temos. É muito triste constatar que nas situações corriqueiras revelamos egoísmo, deselegancia, ausencia de ética e educação.

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