quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CELEBRIDADES




Já foi dito, se não me engano pelo Andy Warhol, que no futuro todos teriam direito a seus 15 minutos de fama. Acho que já chegamos a esse futuro.
É impressionante como qualquer pessoa hoje em dia se torna uma 'celebridade' um 'famoso'.
Prova disso é o Big Brother Brasil, um programa de baixo nível, mas que alça qualquer sarado, bombado, à fama instantânea. Não quero discutir aqui o BBB, por que me recuso a pensar sobre isso, quanto mais debater, enumerar, o que de ruim ele tem.
Mas vejamos outro exemplo: ontem eu ouvia meu programa de rádio favorito nos últimos tempos, o Pretinho Básico, e tem lá um quadro em que eles lêem os 'flatos do dia' (isso mesmo, 'flatos', que é pra ficar engraçado propositadamente). Pinçam da internet notícias como “Luana Piovani come manga”, “Luana Piovani diz que engordou 12 quilos na gravidez”, “fulano de tal foi visto caminhando na orla do Leblon”. Sejamos francos: esse tipo de 'notícia' te acrescenta alguma coisa? Muda teu dia saber disso?
Acredito que só tenham matérias desse tipo, por que existe público pra isso. E aí vira uma via de mão dupla, por que eles fazem programas pensando no público existente e o público existente cada vez fica menos seletivo, menos pensante, mais abobalhado.
O 'povão' gosta de ver barraco na TV, gosta de ver aqueles exames de DNA, quem traiu quem, BBB, programas de humor duvidoso e muito caricato. Consegue assistir ao mesmo programa dominical ruim de TV por 23 (!) anos seguidos!
É natural que as pessoas tenham curiosidade em saber da vida particular de pessoas que eles vêem na TV todos os dias, principalmente se forem atores de novela, cantores, etc.
Muitos deles são excelentes profissionais, fazem rir e chorar com maestria, e nos 'apegamos' ao ator junto com o personagem que ele interpreta. Isso é assim desde que o mundo é mundo, mas me refiro àquelas pessoas que realmente não tem nada a dizer, são fúteis, vazias, sem conteúdo, que nada mais são do que apenas embalagem.
Essas pessoas aparecem num programa qualquer e, do dia pra noite, literalmente, são transformadas em 'celebridades'.
O jornalista Carlos Nascimento foi execrado publicamente por ter se posicionado de forma muito coerente sobre dois assuntos que realmente não tinham que ser notícia.
Diz ele: "Luiza já voltou do Canadá, e nós já fomos mais inteligentes". O outro assunto foi sobre um 'possível estupro' no BBB.
Também fiquei tão perplexa, pasma e indignada quanto ele, quando soube que esses assuntos eram os mais comentados em todos os lugares, que as pessoas quisessem discutir isso!
Pra quem não soube da história dessa tal Luíza, é bem simples: uma moça, chamada Luíza, foi passar férias (ou fazer intercâmbio, não sei) no Canadá. Enquanto isso, seus pais fizeram um comercial e mencionavam “que pena que a Luíza não vai fazer isso, por que ela tá no Canadá”.
Isso bastou para virar um bordão, a moça voltar de lá meio sem saber direito o que tava acontecendo, e ser alçada à fama, convidada pra isso e pra aquilo, estar em todas as festas e programas de TV. Pode isso?
O segundo assunto é sobre uma cena que apareceu no tal BBB em que um casal meio bêbado vai pra cama, se cobre com um edredom e todos questionam se a moça participou da possível cena de sexo, pois ela estava imóvel, como se estivesse dormindo por causa da bebedeira. Esse assunto bombou em todos os sites, o rapaz foi expulso, a moça disse que consentiu e por aí se estendeu esse imbróglio.
Uma coisa é uma pessoa construir uma carreira em cima de seu talento, de sua contribuição pra arte (pintura, interpretação, música), adquirir fama por ser quem é, por ter algo a dizer e/ou apresentar. Outra coisa é alguém ser capa de revista por que participou de um reality show por apenas uma semana (já que saiu no primeiro 'paredão').
Não sou erudita e assisto muita bobagem na TV, leio revista de fofocas, apenas pra passar o tempo e tenho curiosidade também, como todo mundo. Mas falo do baixo nível, do rasteiro, do trivial. Falo de as pessoas venerarem fulano que apareceu no BBB ou da moça que esteve no Canadá. Comentarem isso!
E esses crimes que são tão marcantes pela violência (ou exploração da mídia) e a tia da prima da vizinha do assassino, que soube pela TV do que aconteceu, é, de repente, a estrela do comercial de shampoo!
Nunca desejei ser famosa, mesmo por que defendo minha privacidade ferreamente. Ficaria furiosa em ser perseguida por papparazzi, bisbilhotada pelos fãs, não poder sair a vontade pela rua. Também não tenho desejo nenhum de ser reconhecida nas ruas, ficar em evidência. Sou meio anti-social nesse sentido. Mas admiro quem consegue fazer o que gosta, ter talento, e ainda lidar com essa coisa toda de fama, com delicadeza, discrição e classe, assim, tipo Tony Ramos.
Gosto dos meus 15 minutos de fama, de evidência, no meu aniversário, quando as pessoas que realmente interessam, me cumprimentam carinhosamente.
Nesse momento, sou muito mais do que uma celebridade. Sou uma estrela!


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