sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

TRÂNSITO II



Outro dia afirmei que adorava, amava, dirigir e é verdade. Mas em condições normais, não no trânsito cada vez mais caótico de nossa cidade.
Isso tem se tornado estressante e me pego chegando ao trabalho pela manhã com as mãos geladas, dificuldades pra respirar, tensa, nervosa, irritada.
Quando fazemos o horário de verão, um horário especial em que trabalhamos das 13:00 às 19:00h isso não acontece, por que saio de casa no horário em que todos estão almoçando e, quando volto, o fluxo excessivo de veículos já diminuiu.
O trânsito realmente estressa a gente por que além dos constantes engarrafamentos, os outros motoristas, igualmente estressados e apressados, fazem barbaridades ao volante.
Presencio cada coisa que fica difícil acreditar que aconteceu mesmo.
Outro dia, estava numa via de mão dupla. O sentido que eu seguia estava livre, mas o oposto estava engarrafado e um motorista cruzou a minha frente, pra tentar entrar na fila do engarrafamento. Com isso ele me impediu de seguir, mas compreendi que seria temporário e aguardei calmamente. Logo em seguida, um motoqueiro, com uma caroneira, me ultrapassou e disse qualquer coisa pro motorista que obstruía nossa via. O motorista, aparentemente calmo até aquele momento, fez um 'cavalo-de-pau', saiu 'cantando' pneus e o perseguiu. O motoqueiro entrou num posto de gasolina logo em seguida e o motorista do carro entrou na primeira rua pra entrar no mesmo posto. Mas, ao fazer esse movimento rápido, quase colidiu com outro veiculo que iria entrar na mesma rua. Freadas bruscas, novos sustos e ele continuou seu trajeto em perseguição ao motoqueiro. Só vi a caroneira, assustada, descer da moto e o motoqueiro na sequência.
Depois segui adiante e não vi a briga que, certamente, se seguiu. Não quis presenciar. Estava igualmente assustada e chocada com a violência. Mas compreendi que o trânsito faz isso com a gente.
Temos uma vida enlouquecedora, correndo de um lado pro outro e ainda encontramos esse obstáculo à frente: o trânsito. Manobras perigosas, gente folgada, gente lerda, imprudente. De tudo se encontra!
Os pedestres são um capítulo à parte. Invariavelmente quando estamos numa fila, tentando entrar na via principal, eles gostam de atravessar bem a frente do carro que está entrando, impedindo que ele aproveite a chance (muitas vezes rara) de entrar. Custava passar por trás, na frente do segundo?
Eles também gostam de aproveitar quando o sinal está verde para os carros e atravessar na faixa de pedestres e esses mesmos carros terem que frear bruscamente pra não atropelá-los.
Sem falar nas 'madames' de salto altíssimo que levam horas pra cruzar a dita faixa de pedestres.
A cidade em que moro, Biguaçu, já foi um lugar pacato, sossegado e, pra se ter uma ideia, não temos nem semáforo! Mas, em compensação...os pedestres simplesmente são os donos das calçadas e das ruas. Ninguém respeita o transito, eles ignoram os carros. A cidade não comporta o rápido crescimento que teve nos últimos anos e fica 'entupida'. Sem falar na calma interiorana daqueles que páram em fila dupla apenas pra conversar, ou dos que querem deixar os filhos dentro do colégio, se possível na porta da sala, e de carro! Daqueles que páram nos lugares mais estranhos, apenas pra alguém descer. Se eu precisasse dirigir constantemente dentro de Biguaçu já teria tido um infarto, certamente.
Hoje, no início da manhã, já no bairro Jardim Atlântico, em Florianópolis, um motorista estava à frente de um supermercado, numa faixa dupla, onde é proibido cruzar, calmamente aguardando pra atravessar duas pistas e chegar ao supermercado. Ele sabe que deveria fazer o contorno pra chegar até lá, ainda mais no horário de pico, mas estava lá, sentadinho, aguardando um intervalo da outra pista e formando uma filinha de uns 6 carros na pista em que eu seguia. Os outros motoristas, passivos como só se encontra aqui, aguardavam e provavelmente torciam pra que ele conseguisse.
Eu, vendo os ponteiros do relógio do meu carro, céleres, estava quase tendo um ataque! Buzinei, lógico!
É claro que se todos buzinarem, o transito ficará ainda pior. Tenho essa consciência. Mas preciso dirigir em meio ao caos e fico estressada.
Quando se dirige num belo dia, como o de hoje, numa estrada bem acabada, larga, numa velocidade normal, é maravilhoso! Se pudermos ver o mar, então! Quando podemos dirigir sem horário pra chegar ao destino, sem pressão, fora do horário de pico, de preferência fora da cidade, em lugares com pouco movimento, é uma experiência muito agradável. Gosto de viajar, de ver paisagens diferentes e o carro proporciona isso, essa independência do ir e vir, do conforto, da autonomia.
Mas, dirigir correndo contra o relógio, dentro da cidade, pode apenas nos dar experiência e mais destreza, por que o resto...

CRÔNICA POSTADA EM 08.04.2011



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