quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A PROFUNDIDADE DAS COISAS



Estava lendo um livro sobre o OSHO. Já li outras coisas dele, ou sobre ele, mas faz muito tempo. Uma pessoa, então, recentemente me ofereceu o livro e comecei a ler despretensiosamente. Não consegui parar antes da página 55. Muitas pessoas nunca ouviram falar neste mestre indiano e pensam que deve ser algo meio esotérico, algo místico ou até sem profundidade. Confesso que eu mesma pensava assim antes de ler o primeiro livro. No livro que mencionei, há algumas resenhas sobre outros mestres, como Krishnamurti, de quem também já havia ouvido falar, mas nunca li nada sobre ele. Fui até a internet, no São Google, e li algumas outras coisas, além daquilo que estava no livro de forma muto suscinta.
Fiquei pensando que pessoas como OSHO ou Krishnamurti são sábios. Inclusive Osho ( ou foi Krishnamurti ? Já não sei ao certo) diz que há pessoas que não se acostumaram a pensar. Não buscam em seus cérebros novas formas de fazer as coisas e sair do piloto automático. Não gostam de refletir, exercitar o pensar. A cada vez que estimulamos nosso cérebro a pensar, estamos fazendo novas cadeias que criam, desenvolvem, estimulam novos neurônios. Quanto mais neurônios, mais se aprofunda nosso pensar e inteligência.
Há pessoas, então, que tem a profundidade de um pires. Outras há que dizem coisas que nos tocam fundo, muitas vezes com tamanha simplicidade, que nos admiramos de não termos pensado sobre isso antes. A sabedoria, que persigo minha vida toda, está justamente nessa profundidade do pensar.
Gosto de observar a natureza. É necessário ter 'olhos de ver' pra aprender com a simplicidade. Quando vejo árvores frondosas, principalmente aquelas como o carvalho ou mesmo aquelas que tem 'barba-de-velho' penduradas em seus galhos, elas me transmitem sabedoria. Me sinto calma e confiante quando observo uma árvore assim. Penso sobre todo tipo de vendaval e intempéries que ela teve que enfrentar e continua robusta e forte. Suas raízes penetram fundo na terra, não só pra lhe dar o alimento, mas a sustentação. Ela aparenta tranquilidade e segurança. E isso só veio com o tempo. Imagino a árvore com vida própria, vida inteligente, como se pudesse falar.
E a árvore nasceu de uma semente. Um dia ela era pequena e frágil e, aos poucos, foi se 'descobrindo', percebendo como as coisas, o tempo no caso, se repete, e isso deu a ela experiência suficiente pra lidar com todo tipo de intempérie. Muitas vezes ela se abala, sacodem-se até mesmo as raízes mais profundas, mas ela estoicamente resiste. Sábia, experiente, sabe que depois do dia vem a noite, depois do vendaval a tranquilidade, depois da chuva o sol. Ainda consegue ser generosa, abrigando pássaros e todo tipo e espécie de animais ou pessoas. Sua casca, grossa, pelo tempo, por ter sido tão fustigada, mesmo assim, conserva em seu interior a seiva, símbolo de vida. Ou seja, apenas o exterior teve necessidade de se proteger, mas ainda preserva a sensibilidade contida numa simples seiva, o suco da vida.
Precisamos de mais exemplos de profundidade, de pessoas que nos transmitam sabedoria. Nada de 'Bonde do tigrão' ou celebridades fugazes, mas conteúdo. Pessoas que tenham algo a dizer. Nem tudo, porém, é apenas reflexão, seriedade. Mas me refiro aqui a desenvolvermos em nós o pensamento crítico. É sabermos reconhecer que na simplicidade reside a sabedoria. Um sábio aprende até mesmo com os tolos, já disse alguém. A diferença está em perceber isso.
Estamos misturados na Terra entre sábios e tolos justamente para isso, para podermos aprender uns com os outros. Há pessoas que passam pela vida, porém, em 'brancas nuvens', sem aprender coisa alguma. Estes precisarão de mais tempo.
Mas aqueles que já aprenderam, tem a obrigação de ensinar, de dividir com os outros. E eu lia em um texto sobre Krishnamurti que perguntaram a ele se o que ele dizia interessaria a todo mundo e o que ele faria se não houvessem pessoas para suas palestras. Ele respondeu que não tinha seguidores, nem discípulos, e que não se importava se não houvesse ninguém interessado no que ele dizia, por que seu objetivo não era cativar discipulos, mas transmitir aquilo que tinha descoberto. Seu prazer estava justamente em repassar seu conhecimento. Ele queria dividir com os outros seus achados, pois pensava que o que era bom devia ser compartilhado. Essa era sua meta. Não era ficar famoso, ser mestre, ser referência, mas transmitir, repassar, o CONHECIMENTO. Ele pensava que quanto mais as pessoas trocam entre si o que descobrem, o que percebem, mais buscam aprender e compartilhar. Muda-se a forma de pensar nesta interlocução com o outro. O interagir faz com que reflitamos sobre a existência, sobre o pensar, sobre o outro e sobre nós mesmos, acima de tudo. Ninguém pode ter o pensamento rígido, estático, autocentrado em suas 'verdades'. Há necessidade de abertura para o novo, para o que o outro nos traz. Por isso torna-se tão difícil a convivência, por que nesse intercâmbio de ideias, muitas vezes não aceitamos a 'verdade' do outro, querendo transmitir-lhe a nossa.
Acho que tudo isso dá o que pensar e poderia ficar aqui escrevendo por dias sobre esse assunto, mas minha filosofia 'de almanaque' não me permite ir tão longe, não tenho sabedoria e profundidade para isso.
De qualquer modo, deixo aqui a dica....

CRÔNICA POSTADA EM 24.10.2011

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