sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

QUE LÍNGUA É ESSA ??!


Outro dia, eu estava lendo uma reportagem numa revista, sobre uma atriz, e a autora da matéria dizia que quem fez o 'make e hair' da dita cuja foi o Celso Kamura.
Não gosto de estrangeirismos.
Acho que isso vem desde o Brasil colônia. O brasileiro é resultado de uma mistura de raças, de povos, e houve uma época que era 'chique' falar francês. A lingua mais falada no mundo àquela época era o francês, imagino. Hoje é o inglês. Gosto muito de descobrir culturas, de aprender outros idiomas, embora só fale muito mal o nosso bom e velho português. Entendo que nossa cultura foi sendo construída deste modo, com a inserção de palavras de outras línguas, mas não concordo em usar essa mistura de português com outras línguas, principalmente o inglês, e de não existir, muitas vezes, um termo próprio em português para se referir a algo.
Chega a ser ridículo que a gente veja em qualquer birosca, escrito num inglês sofrível, palavras como: hot dog, pizza, hamburguer, milk shake, sunday, bacon, sanduíche (sandwich), ketchup, X-Egg (Cheese-Egg),molho barbecue...
Também é familiar encontrarmos em qualquer lugar: fast food, mini chicken,whisky, cream cracker e tantas outras.
Mas não é só no setor da alimentação que isso acontece. As lojas, normalmente de roupas, sempre colocam grandes placas liquidando 'sale', “70 % off ” e tantas outras.
Em congressos, palestras, os 'folders' (pode ser substituído por panfleto?) anunciam 'cases', com a presença de tal CEO ('Chief Executive Officer. É o executivo chefe, o que manda. Só não tem autoridade sobre o chairmam (presidente do conselho). Pode ser chamado de principal executivo, presidente, superintendente, diretor-geral”) de tal empresa. Fala-se muito também em “Coach ou coaching”( 'a palavra vem do inglês e quer dizer "treinador", aquele que atua como instrutor, que prepara o profissional, uma equipe, um grupo ou departamento, para que amplie e intensifique suas capacidades para darem um melhor retorno ao mercado').
Há termos que não conseguimos um correspondente em português e aí fica com esse nome mesmo, em inglês, como em Ok. Mas o uso preferencial de termos em inglês para impressionar, para ficar mais 'bonito', como se desse dignidade ao produto, ou valorizasse uma palestra, por exemplo, me deixam envergonhada do pouco patriotismo, da baixa autoestima do brasileiro.
É certo que recebemos muitos estrangeiros, mas não é por causa disso que se usam estas palavras. Sei que palavras como táxi e hotel são internacionais, há normas para que qualquer pessoa se localize num outro país, mesmo não falando a língua.
Há até mesmo cantores que preferem cantar em inglês por que dá sonoridade para a letra, a música fica mais interessante. Muitos fazem isso, inclusive, quando saem do país para alguma apresentação, mas aí o objetivo já é o de atingir um público maior, de ter mais aceitação 'lá fora'.
É tão legal ver um estrangeiro tentando aprender o português, de ver como eles pronunciam algumas palavras dependendo da região em que aprenderam. Normalmente eles aprendem mesmo é com o povo e ficam falando cheio de chiados como o carioca ou meio arrastado como o baiano. Usam até mesmo as gírias locais! Fico muito orgulhosa de vê-los se integrando. Conheci um francês certa vez e tive muito prazer em ensinar português para ele, mostrar um pouco da nossa cultura, dos nossos costumes. Ele não tinha o hábito de tomar café depois das 16:00 para não prejudicar o sono a noite, e quando visitávamos alguém, invariavelmente lá vinha o oferecimento do cafezinho. Eu adoro café e aceitava todos, mas ele não. As pessoas ficavam meio ofendidas, por que queriam agradá-lo. Eu expliquei que no Brasil o café é nossa bebida de cortesia e normalmente a gente sempre aceita, quando oferecido, para não magoar o dono da casa. Mas, claro, também pode ser delicado e recusar do mesmo modo. Percebi que para ele ficou mais claro o significado daquela enxurrada de café.

CRÔNICA POSTADA EM 06.09.2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário