quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

HIPOCRISIA


Hoje discuti com um amigo. Chamei-o de hipócrita. Saiu, assim, sem pensar. Foi mais forte do que eu. Mas não me arrependo, por que apesar de ser um termo forte, era adequado ao momento. Pelo menos senti assim. Fiquei, na verdade, mais impressionada com a reação dele, do que com a acusação, em si.
Aliás, essa minha sinceridade já me trouxe algumas dores de cabeça, mas sigo falando o que penso. Meu irmão diz que eu não devo ser tão direta, devo ‘amenizar’ a minha intenção, por que nem todo mundo está preparado pra ouvir as coisas, mesmo que sejam verdades.
Mas falava sobre a hipocrisia. Fui lá no Google (Meu Santo Google, livrai-me de toda ignorância. Amém!) e pesquisei o real sentido da palavra, apenas pra me certificar de que tinha aplicado-a corretamente. Está lá a definição (tudo bem que foi na wikipédia, mas acho que está certo):
“A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.
Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto realiza a mesma ação.”
O que aconteceu foi que este meu amigo costuma dizer as coisas, em alto e bom som, criticar e, tempos depois faz exatamente aquilo que criticou. Como não deixo passar nada (rs), acho que as palavras têm muita força, costumo ‘devolver’ pras pessoas coisas que elas disseram, mesmo que tenha passado muito tempo. Normalmente falo em tom de brincadeira, por que acho divertido ‘confrontá-las’, até pra que elas percebam que dizem uma coisa, condenam muitas vezes algum ato, e logo fazem a mesmíssima coisa também. Não tenho a intenção de ofender ninguém, apenas quero realmente que a pessoa se veja, como se eu fosse um espelho. Estou longe da perfeição e me percebo, às vezes, eu mesma sendo hipócrita. Quando denuncio alguém assim, não estou me isentando de vez ou outra cair na mesma ‘cilada’ da ‘boca grande’.
Acho que, na verdade, existem dois tipos de hipócritas: os que agem de má-fé, que sabem que estão ‘condenando’ alguma coisa que eles mesmos fazem, os famosos ‘santos-dos-pés-de-barro’ e aqueles que falam, falam, criticam a tudo e a todos, mas não se percebem fazendo a mesm coisa. Meu amigo, é sem dúvida, do segundo time.
Chamar alguém de hipócrita, porém, tem um peso que fica difícil quantificar. Pra muitos é uma ofensa gravíssima. E me pergunto se alguém consegue ter essa coragem de dizer ao outro aquilo que pensa dele realmente.
Neste caso que relato que ocorreu comigo, embora alterada pela discussão, não disse isso com raiva ou para ofender, para ganhar a discussão, para fazer calar qualquer argumento. Falei por que foi a palavra que mais me pareceu adequada a situação naquele momento, mas talvez justamente por isso, causou certo impacto.
Não quero me justificar, mas simplesmente entender, por que ao falarmos uma ‘ verdade’, algo que é assim mesmo, as pessoas ficam tão atônitas, tão ofendidas...
Não seria o caso de a pessoa ficar surpresa com a acusação, mas fazer o famoso ‘exame de consciência’, compreender que o outro disse algo que muitas vezes mexeu conosco extamente por ser verdade, e, refletir, procurar mudar de comportamento?
Quando alguém me acusa de algo, fico muito tempo refletindo sobre aquilo, tentando entender se é uma verdade ou se a pessoa é que viu assim, se devo mudar ou se a pessoa é que tem um olhar diferente sobre a mesma situação. Não pretendo ditar normas, regras ou ser a ‘dona da verdade’, apenas gostaria de ser compreendida ou melhor interpretada. Em todo caso, no mínimo, lanço uma polêmica ou pelo menos faço pensar...

CRÔNICA POSTADA EM 2011

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