quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

VIZINHOS


Na minha vida pessoal já tive muitos vizinhos e há aqueles com quem a convivência se torna um prazer, por que são prestativos, calorosos e fazem 'vista grossa' àquilo que não gostam em nós. Como percebemos isso, conseguimos fazer a mesma coisa em relação a eles e tentar compreendê-los e aceitá-los também.
Quem não teve aquele vizinho que ficou com as crianças pra mãe poder sair, aquele que faz um bolo e leva um pedaço pro outro, aquele que chega a recolher a roupa do varal quando percebe que vai chover e o vizinho não está em casa. Isso ocorre mais no interior, é verdade, e, mesmo assim, já nem é mais tão frequente.
Mas há também aquele vizinho que faz tudo pra provocar. Às vezes começa de forma até inocente, mas daí a pouco já estão planejando como atingir o outro. Muitas vezes nem chegam a discutir de fato, mas de forma velada conseguem seus objetivos.
Acho tão bonito quando vejo aqueles filmes americanos em que o novo morador chega e a comunidade se mobiliza para recebê-lo em seu círculo social. Sempre tem aquela vizinha que leva um bolo ou outra comida qualquer como sinal de boas vindas, convida pra ir até sua casa ou pra alguma festinha no próximo fim de semana. Não sei se realmente é assim lá ou se também é só no interior (muito provavelmente!), mas sempre fico satisfeita com estas cenas. Todo mundo deveria ser assim!
No entanto, há lugares, no Brasil mesmo, em que os vizinhos colocam cadeiras nas calçadas, no verão, e ficam conversando até mais tarde.
Há países que essa cultura da boa vizinhança é muito arraigada, como na Itália ou Grécia. Naturalmente aqueles que vão morar nem outro país, levam junto seus hábitos e os divulgam. É o caso dos descendentes de italianos, por exemplo. Em São Paulo acho que ainda há aquelas vilas, em que todo mundo se conhece e é tudo como uma grande família. Ou famiglia.
Lembro da Dona Maria...Aliás, foram várias “Donas Marias” na minha infância e adolescência.
Dona Maria (a primeira), conheci quando vim morar em Santa Catarina e tinha por volta de 4 anos.
Eram os anos '70 e ainda havia muito dessa solidariedade entre vizinhos. Ela sempre foi muito carinhosa comigo e meu irmão e sempre prestativa. Era alegre, tinha um filho casado que vivia na casa na frente da sua no mesmo terreno e tinha uma neta, cujo apelido era, vejam só “Fofa”! Não lembro de muita coisa, e a convivência foi pouca, cerca de uns 2 anos mais ou menos, mas guardei na memória aquela doce e alegre vizinha. Ao longo dos anos nos mudamos algumas vezes e sempre tivemos amizade com os vizinhos.
Acho que antigamente as pessoas eram mais próximas dos seus vizinhos por que precisavam uns dos outros e também por que como as mulheres não trabalhavam fora, se aproximavam mais umas das outras na vizinhança.
Houve uma época em que havia muitas vezes festas na minha casa e minha mãe envolvia os vizinhos, todos ajudando nas preparações e depois comparecendo em suas melhores roupas. Havia também as novenas, que ela organizava, e todos se reuniam semanalmente cada dia numa casa, para rezar.
Na casa em que moro atualmente, já há 12 anos, posso dizer que 'conheço' apenas os vizinhos da esquerda e da direita, pelos nomes. Não sei muita coisa sobre cada um deles. A gente observa, claro, no dia-a-dia, as coisas que ocorrem do lado de lá do muro, um pedaço de conversa, uma visita que chega e vai sabendo, mais ou menos, como é a vida deles, mas nada mais do que isso.
Compreendemos, assim que chegamos, que nesta vizinhança cada um cuida da sua vida e ninguém tem intimidade com ninguém. Particularmente, prefiro assim. Mas é meio estranho pra quem foi criada com um entra e sai de gente em sua casa.
Há vizinhos que se tornam meio da família, tal a intimidade e afinidade e há aqueles que a gente dá Graças a Deus quando passa o fim de semana fora, quando vai viajar por uns dias. É uma convivência forçada e difícil, mas necessária e precisamos relevar muitas coisas.
Nos dias de hoje, em que a maioria das pessoas trabalha fora, pouco tempo se tem pra conviver com seus vizinhos, mas certamente passa por situações assim, as boas e as ruins, no seu dia-a-dia.
Sou do tipo que apenas cumprimenta os vizinhos (com um sorriso e de forma educada), comentando sobre o tempo ou algo do gênero, bem superficial. Não me envolvo em fofocas, por que não gosto, nem tenho interesse na vida particular dos outros.
Mas sei que nem todo mundo é assim, que tem gente que não só observa as casas vizinhas, mas tece comentários com outros vizinhos, sempre deduzindo isso ou aquilo.
Acho que a gente nota, percebe sim, que acontecem coisas do lado de lá do muro, mas acho também que não é da nossa conta, muito menos ficar divulgando isso.
Ainda quando estava escrevendo esta crônica, um amigo me conta uma história de desavença com novos vizinhos e mostrei a ele que estava escrevendo justamente sobre esse tema, vizinhos.
E sabiam que dia 23 de dezembro é o dia do vizinho?
Me empresta uma xícara de açúcar?

CRÕNICA POSTADA EM 18.07.2011

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