Lendo uma matéria na revista Isto É sobre o José Alencar, ex vice presidente do país, me sensibilizei com sua atitude diante do câncer que enfrentou. Durante os últimos anos foi amplamente noticiado suas idas e vindas para o hospital, suas “quase-mortes” e o soerguimento quando ninguém mais cria possível. Tanto que ele foi apelidado por muitas pessoas como High Lander, aquele ser imortal do filme. E, por uma irônica coincidência, faleceu no dia do aniversário do ator que interpretava esse personagem. Mas eu falava sobre o quanto sua atitude perante a doença me tocou. A matéria, muito bem escrita, detalhada, me forneceu fatos que, apesar da ampla divulgação, eu desconhecia. José Alencar foi um ser humano como todos nós, com suas virtudes e defeitos. Teve uma filha que não quis reconhecer e talvez outros fatos além deste, que não sabemos, mancharam sua história. Foi também um grande empresário, homem determinado e batalhador. Ponto. De sua biografia podemos resumir isso, apenas, por que o que interessa nessa crônica é sua relação com a doença que o matou. O câncer é visto como fatal até hoje, pois ainda não permite cura depois de certo estágio e disseminação. Alencar sempre mostrou-se otimista e de uma fibra inquebrantável. Isso, sim, é que me atrai. A capacidade do ser humano ser resiliente.
Alguns optam pelo pessimismo e, numa doença como o câncer, desistem e rapidamente morrem.
Outros, os resilientes, pelo contrário, se reerguem depois de duras batalhas travadas.
Na verdade, a pessoa, quando enfrenta uma situação difícil na vida, só tem três caminhos: se entregar, fugir ou lutar. Muitos alegam que lutaram, pois não tiveram outra alternativa. Mas essas pessoas lutaram por que possuem um espírito otimista e combativo, que sabe que pode resistir mais um pouco. José Alencar era assim. Ele insistia mais um pouquinho pra ver aonde ia dar.
De acordo com a definição de resiliência, para a física, se “refere a capacidade de um material sofrer tensão e recuperar seu estado normal, quando passado o estado de risco”. Ou seja, o material resiliente recupera sua forma após um situação de tensão. Me faz lembrar o boneco João Bobo (ou João Teimoso) com que eu brincava na infância.
Há quem já me tenha definido com uma pessoa resiliente e até concordei quanto a essa definição. Eu mesma me chamo de “ Fênix”, por que estou sempre renascendo das cinzas...O resiliente faz isso: ele arregimenta forças de onde nem sabe ser possível e encara a luta outra vez. Procura conservar o bom humor, o otimismo, a determinação e tenta achar soluções pros problemas mais difíceis, 'apanha' e levanta novamente. O resiliente tem uma força interior que o faz dar a volta por cima diante dos percalços da vida.
Claro que não é fácil pra ninguém, nem mesmo para o resiliente, mas ele sabe que precisa lutar e sabe que tem que haver uma saída!
Li em algum lugar que “o resiliente é alguém com capacidade de superação, de re-significação, de construção positiva”.
O resiliente sempre sai mais fortalecido depois de uma refrega, depois de um embate da vida. Assim vai construindo, através de suas experiências, uma história de superação, de amadurecimento, de sabedoria.
Acho que todos temos problemas, mas a maneira como lidamos com eles diz muito sobre o quanto precisamos aprender sobre nós mesmos. Nesses momentos é que nossa força se revela e percebemos do quanto somos realmente capazes.
E viva a resiliência!
CRÔNICA POSTADA EM 18.04.2011
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