Outro dia falava sobre gentileza. Hoje quero falar sobre delicadeza, educação ou apenas elegância no comportamento.
Está cada vez mais raro, difícil mesmo, encontrar quem seja assim. A desculpa? Falta de tempo. Eu diria que é falta dessas coisinhas aí de cima mesmo...
Tenho um amigo (aquele mesmo que chamei de hipócrita outro dia) que quando deixamos de nos falar (como agora) eu cumprimento as pessoas à minha volta, num ‘oi’ geral ou num ‘tchau’ geral também, mas ele nunca responde.
Acredito que o fato de não nos falarmos não significa que não devemos nem ao menos responder ao cumprimento um do outro. Fico triste com coisas assim.
Outra amiga sempre me cumprimenta, mas quando começo qualquer assunto, invariavelmente ela me corta com um sorriso, mas sempre de forma brusca, quase secamente, dizendo que está com pressa, atrasada pra qualquer coisa ou outra desculpa qualquer. Sei que sou faladeira e que talvez ela tema que eu vá iniciar um looooongo discurso sobre algo, ou talvez ela esteja com pouco tempo mesmo, mas me ressinto desse comportamento, dessa cortada tão brusca.
Uma vez emprestei um livro pra uma amiga. Ela veio me devolver um tempo depois, mas o livro estava estragado, manchado, todo ‘rosado’ (rs). Ela me explicou que tinha derrubado o bronzeador nele, na praia e me disse: “se tu quiseres, eu posso comprar outro pra ti.” Eu, educadamente, disse que já tinha lido o livro e que ‘tudo bem, vamos deixar assim mesmo”. Era uma meia verdade, mas não quis constrange-la.
Outra amiga, levou uma revista minha e depois me comunicou que tinha ‘acontecido um acidente com a revista’. Ela havia derrubado café nela. (que estranha maldição eu tenho pra sempre acontecer isso comigo, né? rs) Mas, ao contrário da outra amiga esta, ao me comunicar, me entregou uma revista novinha e disse que tinha pedido pra um amigo comprar na banca pra ressarcir o prejuízo da outra. Percebe a sutil diferença? Isso é educação, delicadeza, elegância acima de tudo.
Com ambas aconteceu um imprevisto, um pequeno acidente, mas somente uma delas foi pró-ativa, foi consciente de que deveria resolver o problema.
Essa mesma amiga esqueceu meu aniversário numa ocasião. Passados alguns dias, ela me traz um lindo buquê de lisiantus, pedindo mil desculpas por ter esquecido. Essas coisas não se esquece, por que a elegância de comportamento é uma coisa delicada demais, que reflete a educação de uma pessoa, a preocupação dela com os outros. São pequenos gestos, mas que fazem toda a diferença.
A elegância de comportamento tem algo de nobre, deixa a pessoa mais bonita, mais admirável.
Responder a um convite, um recadinho no Orkut, um e-mail. Lembrar do aniversário de alguém, mandar flores (esse é um dos meus gestos preferidos), um cartão, fazer um agradinho qualquer. Ver e fingir que não viu pra não constranger, ter a delicadeza de não repassar aos outros algo íntimo de alguém (seja algo que a pessoa nos confidenciou, seja algo que ouvimos ou presenciamos), é saber guardar segredo. Elegante é quem não espera que alguém peça, mas vai lá e faz, se oferece. Ou, quando é solicitado, não arruma desculpas, não se esquiva, mas atende, se for possível. Elegante é quem se desdobra pra ajudar o outro, sem cobranças, sem nem ao menos contar isso pra alguém. Elegante é quem não complica, mas facilita.
Elegante é quem quando vai visitar avisa e quando chega nunca vem de mãos vazias.
Esses pequenos mimos, mostram a origem da pessoa, mostram quem ela é de fato. Mostram que ela se preocupa com o semelhante.
Essa pessoa não faz isso por vaidade, para ser reconhecido ou comentado o quanto ele/ela é simpático, generoso, mas por querer ver o sorriso no rosto do outro.
O elegante é educado: cumprimenta, sorri, rejeita aquele pedacinho de bolo que sobrou e está sendo disputado através de olhares cobiçosos, segura uma porta pro outro passar, faz um elogio sincero (porque consegue ver a beleza nas pequenas coisas).
O elegante sempre tem algo a te oferecer, nunca é mesquinho.
Ele sabe a hora de chegar e a hora de sair. Sabe a hora de falar e a hora de calar.
O elegante é, antes de tudo, discreto.
Conheço tão poucas pessoas assim, mas valorizo muito!
E ser elegante pode ser aprendido! Basta querer...
CRÔNICA POSTADA EM 2011
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