sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

INFÂNCIA ANOS 70 II



Cada década tem sua peculiariedade, sua própria 'cara'. Assim foi com os ingênuos anos 50, os revolucionários 60, os zen 70, os inovadores (mas cafonas) 80, os novidadeiros e sarados 90...
Gosto de todas essas décadas, acho muito interessante mergulhar nessa cultura, nos hábitos, modas, etc.
Tenho amigos que viveram a juventude na década de 70 e sempre se confundem, achando que eu também vivi. Mas nessa época eu era apenas uma criança...rs
Mas há também exatamente o contrario, pois outro dia estava num local em que havia uma exposição de automóveis antigos e quando vi um Cinca, automaticamente me lembrei que nosso vizinho (quando eu tinha uns 5/6 anos) tinha um. Era muito confortável, grande. Comentei com o moço ao meu lado que na minha infância tinha convivido com aquele carro e ele só me olhou. Perguntei a idade dele e ele respondeu que era 29. Comentei que, então, evidentemente ele não deveria conhecer esse tipo de carro e ele quis me 'agradar' dizendo que o avô dele tinha tido um!!
Acho os anos 70 tão divertidos que gostaria de ter vivido minha juventude nessa época. Na verdade, talvez eu tenha mais o perfil dos anos 60, da luta contra a ditadura, a rebeldia, os costumes, as revoluções, etc.
Mas como vivi a infância, lembro de coisas referentes a isso, como a nossa televisão, em preto-e- branco, com o tubo dentro de uma enorme caixa de madeira. Ela possuía válvulas e quando a gente ligava, tinha que esperar uns 2 minutinhos pra aquecer e a imagem aparecer, ir se formando aos poucos (hoje em dia eu uso esses 2 minutinhos pra esperar aquecer qualquer coisa no microondas). Quando faltava luz era um caos, por que ela demorava mais quando a luz chegava.
A programação também era especial e inesquecível. Eu adorava o Chacrinha, que chamava de Quinha até uns 3 ou 4 anos, segundo me relataram depois. Gostava também do Topo Gigio ( um ratinho muito charmoso), do Vila Sésamo, do Sítio do Picapau Amarelo, primeira versão, em preto e branco com a Rosana Garcia (Narizinho). Amava os Flintstones (que chamava simplesmente de 'ver o Fred '). Depois surgiram desenhos como Cobrinha Azul, os Herculóides. As séries como a Feiticeira e Jeannie é um Gênio. Essas duas ainda passam na TV a cabo. Eu acreditava, piamente, (aos 5 anos) de que era fácil ser como a Jeannie. Era só cruzar os braços, se concentrar bem, fazer um sinal afirmativo com a cabeça e piscar bem forte. Esse gesto, igualzinho ao dela, acreditava eu, faria com que tudo que eu desejasse se tornasse realidade. Diante de uma outra realidade, quando não acontecia o que eu acreditava, eu imaginava que o problema certamente era comigo. Não devia estar me concentrando suficientemente...Santa ingenuidade, Batman!
Havia outras séries igualmente interessantes como Perdidos no Espaço, Túnel do Tempo, Viagem ao Fundo do Mar.
Além da TV, havia as roupas. Não me lembro disso, mas adoro rever fotos antigas da família, em que as pessoas aparecem vestidas segundo ditava a moda dessa época. Sempre dou gargalhadas ao ver os homens de blusas justinhas e coladas, tipo a baby look de hoje, de tamancos, cabelos compridos, calções bem justinhos...As mulheres usavam calças que eram chamadas de slacks.
Os homens tempos depois, já no fim da década, começaram a usar um conjunto de camisa, tipo jaquetão, com calça igual, combinando, e que eram chamados simplesmente de 'conjunto safári.' Era raro o homem que não tinha um!
Os calçados eram de salto plataforma, pra homens e mulheres. As calças 'boca de sino', coma barra mais larga eram o hit do momento.
As maquiagens eram carregadas e as mulheres aderiram ao permanente nos cabelos pra ficarem chiques pra algum evento. Normalmente os cabelos eram soltos, volumosos e compridos, com um ar meio sujinho.
Também houve a época da peruca feminina e minha mãe tinha uma, loira, de cabelos curtos. Eram muito mal feitas, fios grossos, bem artificiais. Ela conservava a dela em cima de um abacaxi de plástico, na posição invertida, pois um dia ele já fora uma jarra. Sempre achei isso tão estranho...
Nos anos 70 os carros eram de poucos modelos e todos de cores sólidas. Era fácil saber quais as marcas e modelos. Havia o TL, o gordini, o fusca, passat...As cores variavam do 'azul calcinha' ao vermelho, passando pelos verdes de tons esquisitos, brancos...
Os anos 70 foram considerados os anos do Paz e Amor, da leveza, do 'tô nem aí '…
Era só “curtição” ! Uma época regada na iniciação de drogas, de sua apologia, mas era também um tanto ingênua em sua permissividade. Vejo filmes, fotos e percebo o quanto todos só queriam se divertir...
Vivi os anos 70 na fase infantil, mas me sinto muito próxima de quem viveu na fase adulta.
É..recordar é viver!

CRÔNICA POSTADA EM 2011

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